sábado, 6 de agosto de 2011

Calçada não é privada, é pública

(Escrito em21/09/2008)
Colegas de todos os aromas!
Atire a primeira pedra, quem nunca pisou em cocô de cachorro na calçada. Pois é, colegas, deu na Folha de São Paulo que uma senhora de 60 anos encontrou um jeito peculiar de combater esta verdadeira praga urbana.
Cansada de atolar os pés nos resíduos caninos abandonados na calçada da sua casa, essa senhora, auxiliar de enfermagem, partiu para a luta. Primeiro espalhou pó de café na calçada e colocou um cartaz com os dizeres "Cuidado com o cão, veneno no chão". Teve que enfrentar a raiva canina dos proprietários dos cachorros, que acreditando tratar-se realmente de veneno, ameaçaram-na caso os seus cagões animais de estimação viessem a sofrer algum dano pelo uso da calçada da pobre mulher. Após muitos bate-bocas, e cansada de tentar sensibilizar a parte "racional" da dupla humano-canina, Dona Lígia Santos conseguiu dar o "pulo do gato" quando, baseada no brocardo latino que diz "lends picants em anus outrem, refrigerantum est" resolveu derramar molho-de-pimenta na calçada. Sendo animais de aguçado olfato, os mascotes peludos identificaram a situação de desconforto e "racionalmente" passaram a evitar a redondeza, e não apenas na hora da sessão do descarrego. Satisfeita com os resultados, Dona Lígia já está planejando uma nova aplicação antes que a primeira dosagem perca a validade.
Continuando, a reportagem cita que em outra parte da cidade uma ONG lançou uma campanha nas redondezas com os dizeres: "Calçada não é privada, é pública". Tentando sensibilizar aos cidadãos que não é justo que a comunidade se responsabilize pelos resíduos intestinais dos outros.
Em São Paulo existe uma lei desde 2001 que obriga os cidadãos a recolherem os cocôzinhos dos seus respectivos e queridos cachorrinhos.
Considerando-se a proximidade das eleições e o estado em que se encontram não apenas as calçadas, mas as cidades em geral, não há como não concluir que tem muita gente tratando urna como se fosse latrina, e já que eleitor não é cachorro, apimentar as teclas das urnas de nada adiantaria. A exemplo da ONG paulista, estou pensando em lançar uma campanha tentando sensibilizar os cidadãos e cidadãs deste país, de que urna é lugar para se fazer o dia de amanhã, e não um lugar para se ter uma diarréia. A discussão está em aberto e aberta está a temporada para coleta de sugestões de slogans para a campanha.
A todos uma boa semana, com muita saúde e paz,
Virgílio Agra.

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