terça-feira, 25 de setembro de 2012

O frevo de Taquaritinga



(escrito em 07/03/2010)

Colegas de todos os lugares.

Nos tempos em que labutava no comércio, na cidade de Paulo Afonso, a capital da energia, lá no sertão baiano, conheci um cidadão, que todos conhecem até os dias de hoje, chamado de Zé da Ema.

Homem de baixa estatura, gordinho, cabelos penteados para trás e um bigode vistoso, Seu Zé da Ema era, e ainda é mestre de obras e eu o conheci à medida que ele ia à loja do meu pai para comprar materiais para as suas construções. Devido a um problema numa das pernas, quando caminhava o seu corpo balançava de um lado para o outro num movimento bem característico. Apesar de ter certa idade, sempre se mostrou bastante comunicativo e quando chegava ao balcão da loja brincava com os vendedores, cumprimentava todo mundo, sendo sua presença querida e muito agradável para todos. Apesar do seu espírito comunicativo nunca tive oportunidade, nem a liberdade, de perguntar-lhe a origem do seu singular apelido.

Houve uma época em que um dos filhos de Zé da Ema, chamado Marcos, trabalhou para meu pai. Após a saída de Marcos dos quadros da empresa, sempre que Seu Zé chegava ao balcão os vendedores sempre perguntavam pelo antigo colega. Numa dessas ocasiões um dos "meninos" perguntou:

 - Seu Zé? Cadê Marcos?

 - Tá em Taquaritinga.

Referia-se Zé da Ema à cidade de Taquaritinga do Norte, localizada no agreste meridional de Pernambuco, a cerca de 200 quilômetros de distância da capital Recife.

Logo em seguida outro balconista perguntou:

 - Seu Zé? Cadê Marcos?

 - Tá em Taquaritinga - respondeu mais uma vez.

O que Zé da Ema não esperava é que a partir daí o pessoal resolveu pregar-lhe uma peça e, cada um dos vendedores, um após o outro, dirigia-se a ele e fazia a mesma pergunta:

 - Seu Zé? Cadê Marcos?

E Zé da Ema já faltando paciência respondia para cada um:

 - Tá em Taquaritinga.

A partir desse dia Seu Zé da Ema nunca mais teve sossego, sempre que entrava na loja a turma começava a perguntar, de um por um, pelo paradeiro do seu filho sendo ele obrigado a dar sempre a mesma resposta a cada um deles:

 - Tá em Taquaritinga.

Com toda a sinceridade, acho que ele também gostava da brincadeira, tanto era que ele começou a inventar algumas respostas, antecipando-se às perguntas. Certa ocasião ao entrar na loja quando tentaram lhe fazer a tradicional pergunta, quando começavam a falar:

 - Seu Zé?

Ele sem dar tempo do sujeito terminar a pergunta respondia no ato:

 - Tá em Taquaritinga.

Outra ocasião ele entrou e um dos vendedores o cumprimentou e sapecou:

 - Seu Zé? Cadê Marcos?

Ele olhou para o rapaz e simplesmente fez um gesto mostrando a palma da mão, fazendo sinal que o aguardasse. Em seguida outro colega fez-lhe a mesma pergunta e ele repetiu o gesto. Conforme cada um dos funcionários da loja fazia a esperada pergunta ele simplesmente repetia o gesto, até que finalmente olhando em redor, perguntou:

 - Falta mais algum?

Diante da resposta negativa, dirigindo-se a cada um dos perguntadores, passou a apontar-lhes o dedo e sequencialmente foi repetindo:

 - Taquaritinga, Taquaritinga, Taquaritinga... Taquaritinga.

A brincadeira só acabou quando Marcos retornou da viagem. Acho que o pessoal gostava mesmo era de ouvir o nome da pequena cidade pernambucana.

Eis que, há uns quinze dias, assistindo ao Globo Rural, ouvi novamente falar da velha Taquaritinga. Para aqueles que pensam que notícia agrícola do nordeste brasileiro só é de seca, fome e sede, preparem-se. Localizada a cerca de 900 metros de altitude, a cidade pernambucana está produzindo um café orgânico de excelente qualidade voltado para o mercado internacional, especialmente, Estados Unidos, Japão e Noruega.

A arte de produzir café no sertão nordestino é bastante antiga. Percebendo que a planta do café era muito sensível ao calor e à luz do sol, os sertanejos plantavam os pés de café à sombra de outras árvores e preferencialmente em regiões mais altas onde o clima é sempre mais ameno, era o chamado café de sombra. O meu avô Virgílio tinha uns pezinhos de café no quintal para o seu próprio consumo, logo, não precisava comprar o produto para poder saborear uma xicrinha de café. O que eu não sabia, é que o café cultivado nessas condições é um café da variedade Arábica Típica e estas plantas são remanescentes das primeiras plantas de café que foram introduzidas no Brasil em 1727.

Como já foi dito, trata-se de um café especial, destinado ao mercado exportador. Desta forma, o café de Taquaritinga só pode ser saboreado em poucas cafeterias do Brasil, a exemplo de uma, situada em terras cariocas, cujo dono batiza cada café com o nome de um tipo de música que tenha exatamente cinco letras. Nesta cafeteria os cafés têm nomes de Valsa, Samba, Rumba e Conga. O café de sombra, lá das bandas de Taquaritinga, foi batizado pelo proprietário da cafeteria com o nome de Café Frevo, numa clara homenagem à típica música do carnaval pernambucano, mas, permitam-me uma pequena observação, acredito que o nome mais apropriado seria o de Café Forró, ritmo que representa com mais propriedade a região em que está inserida a pequena Taquaritinga do Norte.

Queridos colegas, aproveito a oportunidade para desejar a todos uma ótima semana de trabalho e em particular ao grande caeté Felipe Campos, o maior bebedor de café das Alagoas, que com certeza agora só vai ter sossego no dia em que puder tem um Frevo nos beiços e não nos pés.

Saúde, luz e paz.

Virgílio Agra.

PS: Falando em ema, lembrei-me do Canto da Ema, música composta por João do Valle, Aires Viana e Alventino Cavalcanti, interpretada e imortalizada na voz do paraibano Jackson do Pandeiro.

sábado, 22 de setembro de 2012

Tamarindo doce



(foto gentilmente cedida por Tio Tobias Medeiros, data provável 1905)

Clara Bella foi a minha trisavó, avó de minha avó materna.
Filhos: Tio Olavo, Tibúrcio (morreu solteiro), Tio Torquato, João Maurício (Tio Maurício) e meu bisavô Sebastião (Vozinho).
Francisca (Yayá) (filha), Maria Francisca (Mãezinha) (filha), Vovó Bella, Tia Adelaide (nora), Maria Sidona (filha do casal João Maurício e Adelaide) e Vozinha Olávia, esposa de Vozinho.
O menino é Gaspar, meu avô materno, filho de Consórcia (filha que não aparece na foto) e a menina é Dalva (filha do casal João Maurício e Adelaide)

(escrito em 03/02/2010)

Colegas de todos os doces e azedos

Poço das Trincheiras é uma cidade pequenininha na banda alagoana do sertão nordestino. Surgiu na beira do Rio Ipanema, espremida entre o rio e as várias serras que a cercam. É a terra da minha mãe e de metade dos meus antepassados. Durante muitos anos a sua população constituía-se de, praticamente, uma única família.

Quando eu nasci o meu bisavô, Sebastião Medeiros (Vozinho), ainda era vivo, mas confesso que não me lembro dele. Mas lembro-me, perfeitamente, de duas das suas irmãs, tias-bisavós minhas, que chamávamos de Mamãezinha e Madrinha Yayá. Quando íamos ao Poço tínhamos como obrigação ir a casa delas para pedir a benção.

 - “Bença” Mamãezinha? “Bença” Madrinha Yayá?

 - Deus lhe abençoe meu filho.

Após pedir a benção, lembro-me de duas coisas que me atraíam muito, uma delas era uma caixinha de música, daquelas que tinha que dar corda. Eu ouvia repetidamente aquela musiquinha e quando a engrenagem parava de funcionar eu dava corda novamente com muito cuidado para não quebrar a delicada geringonça. A outra coisa que atraia minha atenção era um grande pé de tamarindo que tinha no quintal da casa. Quem já provou uma fruta de tamarindo sabe o quanto é azeda, mas os tamarindos da casa de Mamãezinha fugiam a esta regra. Além da sombra generosa que a árvore proporcionava, os seus frutos eram surpreendentemente doces.

O tamarineiro é uma árvore de origem africana. Ao contrário de outras árvores nativas de regiões áridas, essa espécie tem um porte alto, copa bastante frondosa, tronco bem grosso e além dos frutos, ideais para sucos, sorvetes e licores, proporciona uma ótima sombra. A sombra num lugar como o sertão nordestino é algo tão importante que é comum, vários povoados e cidades terem surgido exatamente nos locais onde havia uma árvore que proporcionasse uma boa sombra. Neste contexto os pés de tamarindo deram grande contribuição às gentes do sertão. A cidade de Floresta, por exemplo, lá no sertão do Pajeú, ficou conhecida como a Cidade dos Tamarindos devido a predominância desta espécie na arborização da cidade. Naquele tempo, o Poço das Trincheiras também não fugia a esta regra, tendo várias dessas árvores plantadas na sua única rua, mas nenhum era igual àquele que havia no quintal da casa de Mamãezinha e de Madrinha Yayá.

Há pouco tempo atrás descobri que minhas tias-bisavós tinham os nomes bem parecidos, Mamãezinha chamava-se Maria Francisca e Madrinha Yayá chamava-se Francisca. Apesar de serem solteironas, puderam exercitar os seus instintos maternos à medida que criaram um sobrinho de nome Gaspar, que veio a ser o meu avô, e também Celeste, filha do cangaceiro Corisco e da cangaceira Dadá.

Por conta do tipo de vida que levavam, os cangaceiros não podiam criar os filhos que geravam. Por isso, quando as crianças nasciam eram encaminhadas a pessoas que pudessem proporcionar a elas um futuro mais promissor. Curiosamente, os bebês eram normalmente acompanhados por um bilhete que, via de regra, citava que as crianças não tinham culpa pelos erros dos seus pais. Quando Celeste nasceu, Corisco escreveu para o meu bisavô pedindo que cuidasse da menina. Vozinho atendeu ao pedido, fez para Celeste às vezes de pai, enquanto suas irmãs fizeram com muito carinho o papel de mães.

Naquele tempo uma das atividades principais do sertão era a criação de gado. O sistema de criação daquele tempo era bem diferente de hoje em dia. As terras normalmente não tinham cercas e os animais vagavam livremente, sem conhecer limites nem fronteiras, buscando sempre um lugar onde o pasto ou a rama estivessem mais frescos sem que houvesse distinção de quem era o dono da terra ou do animal. Periodicamente, os criadores montavam os seus cavalos e, em grupo, embrenhavam-se na caatinga para campear e reunir todo o gado. Se uma rês apresentava uma doença ou bicheira era então medicada e ao encontrar um bezerro, era só observar em que vaca ele mamava para então marcá-lo na orelha identificando o seu respectivo dono. Quando o bicho se tornava adulto, então era ferrado.

A minha família tinha uma grande área de terras situada rio acima, na direção do vizinho estado de Pernambuco, denominada Sítio Belém. Numa dessas operações de lida com o gado meus tios notaram que faltavam algumas reses de Madrinha Yayá. Um acontecimento desses poderia ser fruto dum ataque de onça, cobra ou mesmo uma doença, mas como as carcaças dos animais não foram encontradas a conclusão não poderia ser outra, o gado fora roubado.

Tio Torquato, um dos irmãos do meu bisavô, resolveu investigar o caso e terminou descobrindo que na feira de Águas Belas, município pernambucano vizinho, foi comercializado o couro de uma rês com a marca de Madrinha Yayá. Quem comprou o couro sabia de quem tinha comprado e, seguindo essa pista, meu tio-bisavô terminou descobrindo o ladrão do gado. Tio Torquato era um homem muito disposto, foi atrás do cabra, prendeu-o e o levou amarrado até o povoado de Poço das Trincheiras. Lá chegando amarrou-o num pé de tamarindo que tinha na rua.

A sombra de uma árvore daquela, tão agradável no calor do sertão, sempre foi o foco de reuniões amigáveis, mas naquela circunstância, para aquele sujeito, a sombra daquela árvore era um prenúncio nada alentador. Naquela época, fim do século XIX, no mínimo uma boa surra ele levaria. Mas coisa pior poderia, com certeza, acontecer. O cabra numa situação daquela não estava preocupado se os frutos do tamarindo eram doces ou azedos, porque o gosto que ele sentia na boca, certamente, era bem amargo. Naquele momento a sua sorte estava nas mãos de Deus.

A notícia se espalhou e logo, logo, uma pequena multidão se formou ao redor daquela árvore. Todo mundo queria ver a cara do ladrão de gado e muito se especulava sobre o seu futuro. Madrinha Yayá ouviu o tumulto, botou a cara na porta e vendo a multidão ao redor do pé de tamarindo procurou saber o que se passava. Qual não foi sua surpresa quando soube que ali se encontrava o ladrão das suas reses. Vendo aquela cena, o homem amarrado como se fosse um bicho, humilhado e com uma perspectiva tenebrosa pela frente o coração da minha tia ficou bem apertadinho. Chamou o irmão e pediu que soltasse o homem. Tio Torquato negou na hora e alegou que o ladrão tinha que pagar pelo que fizera. É certo que eles discutiram, mas percebendo que seu irmão não iria atendê-la pelo seu humanismo, Madrinha Yayá falou firme:

 - O gado é meu. Quem perdeu foi eu e eu quero que solte o homem.

Tio Torquato era homem para enfrentar qualquer tipo de homem, mas não tinha forças para enfrentar nem desgostar sua irmã. Não encontrando outra alternativa, a contragosto, soltou o cabra e olhando bem para ele disse:

 - Vá-se embora, mas não roube mais.

E o sujeito entrou de caatinga a dentro nunca mais aparecendo.

Atualmente, no quintal da casa da minha mãe, lá no sertão baiano, na beira do Velho Chico, tem dois pés de tamarindo gerados de sementes que foram trazidas do quintal de uma certa casa do município de Poço das Trincheiras. Certo dia, um visitante, amigo do meu pai, provou daquele fruto e sugeriu que a planta havia sido adubada com açúcar, para poder produzir frutos com aquela qualidade. Certamente, aquela fruteira foi adubada com açúcar, mas não o açúcar de cana, e sim, um açúcar diferente, capaz de abrandar corações e capaz de adoçar até mesmo um azedo tamarindo.

Estando muito feliz por ter recebido em terras caetés a caeté honorária Flávia Vidal e família, espero que todos possam também ter adoçados os azedos e amargos do dia-a-dia de cada um. Até as próximas saudações.

Saúde, luz e paz.

Virgílio Agra.

sábado, 15 de setembro de 2012

Água de juá


Juá, o fruto

(Escrito em 10/01/2010)

Colegas de todos os goles

Qual a sua cerveja favorita? No mundo globalizado onde existem várias opções deste produto, tanto nacionais como importadas, não deixa de ser pertinente uma pergunta como essa, mas em tempos passados, em vários pontos do interior deste grande país, cerveja era uma bebida tão exótica quanto o amazônico açaí, que atualmente está em moda nas grandes cidades e ainda é desconhecido nas cidades do interior.

Em dezembro fui a Paulo Afonso, passar o natal com meus pais e beber um pouco da água do Velho Chico. Casualmente, encontrei com Petrúcio, um velho amigo que trabalhou muitos anos na Companhia Hidro Elétrica do São Francisco e hoje goza da sua bem merecida aposentadoria.

Petrúcio é natural de Água Branca, cidade situada numa região de serras que compõe a parte oeste do estado de Alagoas, e está a 570 metros acima do nível do mar. Por conta da altitude toda a região serrana tem um clima diferenciado em relação ao sertão que a circunda, de modo que lá existe uma boa produção de frutas e cana-de-açúcar o que proporcionou, em tempos passados, o surgimento de muitos engenhos para a produção de rapadura.

Apesar do micro-clima das regiões de serras proporcionar condições para a produção de espécies cujo cultivo seria simplesmente impossível nas terras mais baixas e secas, não existem grandes diferenças na flora predominante em ambas as regiões. A vegetação do sertão é assim, composta de cactáceas como mandacaru, facheiro, xique-xique e coroa de frade, árvores para produção de madeira e lenha como catingueira, mulungu, caraibeira, baraúna, aroeira e pau d’arco, além de fruteiras nativas como umbuzeiro, quixabeira e juazeiro.

O juazeiro é uma árvore que, independentemente da intensidade da seca, mantém uma copa firme e suas folhas sempre estão verdes. Seus frutos são redondos, pequenos e produzidos fartamente. Normalmente são doces, mas sempre produzem na boca um leve amargor. O sabor amargo devesse ao fato do juazeiro ser rico em saponinas, uma substância de efeito detergente, antifúngica e antiinflamatória, com eficácia comprovada na higiene bucal. Atualmente as indústrias farmacêuticas e de cosméticos utilizam os seus princípios ativos na composição de diversos produtos. O sertanejo que secularmente já conhecia as propriedades terapêuticas da árvore, na falta dos cremes dentais, usava o pó da casca da árvore para escovar os dentes ou fazia infusão para bochechos ou gargarejos contra afecções da boca e garganta.

No encontro que tive com o amigo, após as tradicionais perguntas sobre como vai a família e coisa e tal, relembramos uma história que ele havia me contado há alguns anos atrás e não pudemos deixar de dar algumas risadas.

Contou-me Petrúcio que, quando ainda era rapaz, morava num sítio na zona rural de Água Branca. Certo dia, ele foi a um casamento na redondeza. Um casamento no sertão era festa boa. Mesmo não sendo rica, a família da noiva esmerava-se por receber bem os convidados. Receber bem significava uma mesa farta, com aquilo que o sertanejo tinha de melhor a oferecer: carne a vontade, galinha de capoeira gorda, um carneiro, buchada, feijão de corda, arroz e pirão. Para animar: um sanfoneiro, um salão para dança e uma rodada de cachaça para "esquentar a titela" (esquentar o peito). Após a cerimônia religiosa a festa começou até que, em dado momento, um dos padrinhos convidou a todos para conhecer uma novidade que ele trouxera da cidade para os convidados da festa. Uma vez dita a palavra NOVIDADE, todos se interessaram em acompanhar o homem que se dirigiu a um depósito que fazia parte das instalações da propriedade e encontrava-se fechado até então. Ao abrir a porta do tal depósito o homem caminhou na direção de uma estranha caixa de madeira cheia de garrafas que estava colocada num canto do salão. Tomando uma das garrafas na mão o homem explicou a todos que aquilo era uma bebida chamada CERVEJA e diante da admiração de todos tirou do bolso um abridor de garrafas e abriu a primeira delas. Considerando-se a temperatura em que se encontrava a bebida o resultado não pode ser outro, a cerveja espumou e começou a subir pelo gargalo da garrafa. Imediatamente o homem começou a colocar o líquido espumoso nos copos dos convidados. Aqueles que vertiam os copos imediatamente só bebiam espuma e aqueles que esperavam a espuma se desfazer descobriam que o líquido resumia-se a apenas alguns milímetros no fundo do copo. Decidido a impressionar a matutada em redor e mostrando ser um "profundo" conhecedor de cerveja, o portador daquela novidade começou então a balançar as garrafas antes abri-las. A partir de então, quando retirava as tampinhas, a garrafa dava um pequeno estouro, a espuma então subia com mais pressão e todos davam gritos de alegria e colocavam os copos para mais uma rodada de espuma. Petrúcio, no meio daquele povo todo, provou da bebida e com aquele jeito de quem tenta estabelecer uma comparação com um sabor já conhecido disse:

 - Oxente! Parece com água de juá.

Por incrível que pareça, eu que já tive oportunidade de me escovar com a raspa da casca do juazeiro posso confirmar, seu gosto amargo realmente lembra o sabor da cerveja.

Pois bem caros colegas, enquanto desejo a todos uma ótima semana de trabalho, espero que, entre as atribulações de cada um, possa sobrar um tempinho para tomar uma cervejinha gelada, da marca que melhor apetecer e com um pequeno colarinho para não perder a elegância. Mas atenção, se for dirigir não beba e se for beber me chame.

Saúde, luz e paz.

Virgílio Agra


Juazeiro, a árvore



O juazeiro é uma árvore tão marcante na cultura sertaneja que cidades importantes foram batizadas com o seu nome. Além disso, esta árvore também já foi inspiração para músicas como "Juazeiro" de Luiz Gonzaga.

Fruto dessa sinergia entre árvore, cidades e música surge um verdadeiro clássico da música nordestina, "Juazeiro Petrolina", composta em 1978 por Jorge de Altinho, gravada inicialmente pelo Trio Nordestino, e aqui interpretada por Elba Ramalho, natural de Conceição - PB e Geraldo Azevedo, da própria Petrolina.

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