sábado, 17 de dezembro de 2011

Cardápio erótico


(Escrito em 01/03/2009)

Colegas de todos os paladares

Imaginem que vocês estejam voando para realizar aquelas férias dos sonhos, para fechar aquele negócio tão importante, ou mesmo em lua-de-mel e, de repente, a aeromoça ou aero moço chega até você e te oferece "pênis".

Imaginou?

Pois bem. Tal hipótese não aconteceu numa aeronave em pleno ar, mas num programa jornalístico da CNN que foi ao ar, lá pras bandas da terra do Tio Sam. A apresentadora Zain Verjee deu o maior vexame ao noticiar ao vivo o fato da Northwest Airlines ter voltado a servir amendoins aos seus passageiros. A gororoba servida pela companhia aérea foi motivo de reportagem em cadeia nacional pelo fato de incluir a distribuição de amendoins, alimento ao qual algumas pessoas apresentam alergia. Mas a reportagem saiu do campo da saúde pública para o campo do erotismo porque o termo "amendoins", que em inglês escreve-se "peanuts", tem uma pronúncia muito parecida com outro do idioma de Shakespeare que é a palavra "penis", cuja tradução para o português é a mesma coisa com um circunflexo a mais. O problema é que a anta, digo a repórter, simplesmente não percebeu a cacofonia e chegou a pronunciar duas vezes a tão simbólica palavra.

Fico só imaginando o frisson causado nos lares yankees, onde muitos puritanos devem ter desligado a televisão e colocado as crianças para dormir mais cedo, mas, segundo uma fonte fidedigna, eu soube que durante dois dias a companhia aérea recebeu vários telefonemas de pessoas querendo fazer reserva nos vôos que ofereciam tão inusitado produto.

Em tempo, gostaria de informar que:

- Cerca de 3 milhões de americanos são alérgicos a amendoins (peanuts) ou nozes;

- Cerca de 7 milhões de americanos são alérgicos a frutos do mar;

- Alergias a alimentos provocam cerca de 150 mortes por ano na terra do Tio Sam;

- Pedólogo é aquele que estuda os solos;

- Podólogo é aquele especialista em doenças dos pés;

- Pedófilo é um grande f.d.p.

- e Peidólogo é, segundo o caeté honorário Ivan Varella, aquele especialista em tudo aquilo que não cheira bem.

Falando em coisas que não cheiram bem, gostaria de deixar observado que a recente decisão da Justiça Eleitoral de cassar o mandato do Governador da Paraíba fez justiça eleitoral, mas criou um problema para o pacto federativo, visto que agora quem governa a Paraíba... é Maranhão.

Considerando-se o aniversário da Cidade Maravilhosa, gostaria de transmitir, com a licença do Cristo Redentor, saudações cariocas a todos e uma boa semana de trabalho.

Saúde e paz,

Virgílio Agra.

Nota: José Targino Maranhão, nascido na cidade de Araruna, governou a Paraíba por três vezes.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Qualquer semelhança dá cadeia

Canyon do Talhado. Foto Geyzon Robson

(Escrito em 16/02/2009)

Colegas de todas as profissões.

Lembro-me que certo dia, assistindo uma palestra de Ariano Suassuna, o mesmo dizia que no tempo dele as universidades davam três opções àqueles que nelas ingressavam: Direito, Engenharia e Medicina. Como ele não tinha estômago para ficar fuçando entranhas de lagartixas nem cabeça para viver fazendo contas, formou-se em Direito por simples falta de opção. Nos tempos de hoje a quantidade de opções são tantas que às vezes fica até difícil aos candidatos a uma vaga na Academia escolher uma delas.

Há alguns anos conheci um rapaz chamado Nonato. Natural do sertão alagoano, filho de uma família simples, Nonato estudou, entrou na universidade e formou-se em Agronomia. Na continuidade da sua carreira profissional o mesmo tornou-se professor da Universidade Federal de Alagoas e especialista em estudo dos solos.

Certo dia ele me levou para conhecer uma propriedade que possuía na região do canyon do Rio São Francisco, onde, posteriormente, tive oportunidade de acampar, pois além do local nos deleitar com uma paisagem belíssima, ainda proporcionava ótimos banhos nas águas serenas do Velho Chico, represadas pela barragem de Xingó.

Nonato contou-me que certa ocasião encontrou um amigo que há muitos anos não via. O tal amigo, ciente do seu sucesso profissional, contente com aquele encontro casual, não teve nenhuma cerimônia em expressar sua alegria. Bastante efusivo nos cumprimentos ao amigo, no entusiasmo do encontro, resolveu apresentá-lo a um grupo de pessoas que o acompanhava. O cara estava simplesmente eufórico, a trajetória profissional de Nonato, aliada a sua condição de professor universitário tornava-o uma figura ilustre aos olhos daquele velho amigo. O entusiasmo foi tanto que ele, voltando-se para aqueles que o acompanhavam, gritou:

- Pessoal! Queria apresentar para vocês o maior "pedófilo" do estado de Alagoas.

Não precisa dizer que naquele momento todas as atenções do mundo voltou-se para o coitado do Nonato, uns horrorizados, outros atônitos sem entender o que estava acontecendo enquanto ele, no meio de todos, tentava explicar que aquela designação não passava de um equívoco do seu entusiasmado amigo, da onça diga-se de passagem. Acontece que a ciência que estuda os solos é a PEDOLOGIA, logo ele era sim um PEDÓLOGO e não um PEDÓFILO, como afirmara o seu atrapalhado amigo.

Pois, pois, caros colegas. Desejo a todos uma ótima semana e muita prudência no uso das palavras, elas podem provocar muito mais do que um simples vexame.

Saúde, paz e um grande abraço a todos.
Virgílio Agra

domingo, 4 de dezembro de 2011

Fogão a gás


(Escrito em 09/02/2009)

Colegas de todos os níveis tecnológicos.

Imaginem vocês, se um dia aparecesse alguém anunciando que inventou um sistema no qual, o produto resultante da queima da gasolina nos motores dos automóveis poderia ser armazenado e usado novamente para abastecer outros veículos. Como poderia a gasolina queimar e depois queimar de novo? Qual seria a sua reação?

Imaginem agora como era a vida no sertão nordestino nos meados do século passado, numa época em que as viagens eram feitas a pé ou a cavalo, as cargas eram transportadas em carros de bois ou em tropas de burros e conduzidas por almocreves (tropeiros) por estradas que hoje seriam classificadas, nada mais nada menos, como simples trilhas. Nas poucas linhas férreas existentes, o transporte cabia às Marias-Fumaça alimentadas a lenha e água. Os produtos que chegavam de fora desse mundo à parte limitavam-se àqueles que não podiam ser produzidos na região, como tecidos finos, querosene, sal e alguns poucos mais. As pessoas viviam com aquilo que a terra podia produzir e na mesa das gentes da caatinga costumava-se dizer:

- A única coisa comprada na minha mesa é o sal.

Pois o feijão, a farinha e o milho; o leite, o queijo, a coalhada e a manteiga; a carne e os ovos; a macaxeira, a batata e o inhame; o café e a rapadura para adoçar eram todos produzidos no lugar. As famílias mais pobres cozinhavam num fogão de "trempe", onde três pedras grandes apoiavam uma panela de barro, deixando um espaço para colocar a lenha por baixo. Nas casas das famílias mais abastadas, onde, além das panelas de barro, havia as panelas de ferro ou de cobre, havia um fogão feito de barro onde, da lenha queimada, só sobravam cinzas e brasas.

Cozinhar num fogão de lenha pode ser muito romântico, mas não é nada fácil. A lenha precisa ser rachada para caber nas bocas dos fogões, na época do inverno a umidade e o frio tornam difícil a sua queima e, para completar, produzem muita fumaça que arde nos olhos e torna a cozinha um lugar bastante insalubre.

Manter o fogo acesso naquela época era um trabalho sem fim. Uma caixa de fósforos era artigo de luxo. Caso o fogo apagasse, alguém precisaria ir à casa de um vizinho para buscar brasas, às vezes caminhando longas distâncias. O mensageiro tinha que ir e voltar rápido, para que a comida pudesse ser preparada. Não é a toa que, até hoje, costuma-se dizer que um visitante que entrou e saiu rapidamente "veio buscar fogo".

Foi num cenário como este que por volta dos anos 50, talvez 60, lá para aquelas bandas, chegaram uns homens do governo dizendo que iriam ensinar ao povo um jeito de como a lenha poderia render mais, ocupar menos espaço e produzir menos fumaça. Eles estavam tratando da produção do carvão vegetal. Tratava-se então de um grande avanço tecnológico para a época e o lugar. Porém, quando explicaram que para produzir o carvão, a lenha deveria ser colocada em um forno onde em seguida seria ateado fogo, a descrença foi geral. A grande pergunta era:

- Como pode a lenha queimar e depois queimar de novo?

A experiência deu certo e, sob certos aspectos, houve uma melhora na qualidade de vida do homem do campo.

À semana passada, conversando com um colega de trabalho e também conterrâneo meu, o mesmo contou que um seu tio mora numa fazenda em pleno sertão alagoano usufruindo de energia elétrica, TV, telefonia celular e internet. Com certeza grandes conquistas tecnológicas do nosso tempo e todas acessíveis naquele lugar.

Naquela conversa com o colega veio à memória a imagem da minha avó. Vovó Lindalva nasceu no início do século passado. Apesar de ter tido os olhos ardidos na fumaça do fogão de lenha, pôde viver o bastante para ver televisão e conhecer uma série de avanços tecnológicos do final do século passado. Apesar dela afirmar com muita segurança que o mundo não alcançaria o ano 2000, pôde assistir a passagem do século e só partiu para outra dimensão três anos depois. Lembrei-me do tempo em que ela fazia uns bolinhos de milho fritos no óleo e depois polvilhados com açúcar e canela que a gente adorava e chamava de “Bololó”. Ela sempre reclamava dizendo que o nome certo não era aquele, mas ninguém levava a sério e todo mundo acabava comendo e rindo. Quando Vovô Gaspar era vivo e eles moravam na Fazenda Esperança, nos tempos de fartura do leite, eles faziam coalhada e juntavam nata para fazer manteiga batida à mão. Pronta a coalhada a mesma era cozida no fogão de carvão e em seguida mexida num tacho com a manteiga, produzindo então o chamado Queijo de Manteiga ou Queijo de Fogo, do qual eu tenho ótimas lembranças.

Certo dia, conversando com Vovó, falávamos sobre os avanços da medicina e as maravilhas da tecnologia humana como a televisão e o telefone; sobre as grandes obras de engenharia e até da chegada do homem à lua quando, de repente, ela disse com aquele jeito de avó, um jeito manso e sábio:

- É meu filho, Deus deu muita inteligência ao homem, mas para mim a coisa mais importante que o homem já inventou foi o fogão a gás.

É colegas, como já dizia o grande Einstein: "Tudo é relativo". Para quem vive na era do cyber espaço, notebook e vídeo conferência, o comentário de Vovó Lindalva pode soar como um absurdo, mas se nos colocarmos no seu lugar... Pensem bem! A coisa até que faz sentido.

Desejo a todos uma ótima semana, na qual possamos refletir sobre o valor de todas as dádivas que recebemos a cada dia, como a vida, a saúde, a família, os amigos, o trabalho... Aproveitando a oportunidade gostaria de repassar a toda a família caeté um abraço enviado por Nathalie Gazaneo, apesar dela ter dito que minhas histórias são de pescador... Sei não... Sei não...

Saúde e paz,

Virgílio Agra

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Gatos, gatas e gatunos



(Escrito em 02/02/2009)

Colegas amantes de todos os animais.

Os países ricos costumam se vangloriar do seu poder econômico, militar ou científico, no entanto se esquivam de comentar a pirataria biológica ou a cooptação de cientistas de países pobres que são levados para os seus centros de pesquisa para produzir os conhecimentos que lhes proporcionam este tão decantado poder. Não satisfeitos com a compra de mentes e com o tráfico de plantas e animais para suas pesquisas, de vez em quando aparece um engraçadinho que resolve roubar (a palavra certa é roubar) conceitos e marcas tradicionais de povos de países pobres, como o nosso por exemplo.

Há uns tempos atrás um sujeitinho resolveu patentear a palavra "cachaça", outro patenteou a palavra "rapadura" e teve outro moleque que resolveu patentear a palavra "cupuaçu". Não satisfeitos com tantos roubos de idéias, os japoneses resolveram “entrar na onda” e copiar uma antiga idéia brasileira, anunciando como "novidade" o lançamento dos "cat cafés".

Deixe-me explicar:

Trata-se de um estabelecimento onde, ao custo de aproximadamente R$23,00, os clientes da casa podem desfrutar da companhia de gatos, podendo acariciá-los e até tirar fotos com seus bichanos favoritos. Segundo a BBC, o Ja La La Café (o nome de La La, deve ser para ressaltar que o lugar é lá... lá... bem longe daqui) tem a disposição da sua clientela cerca de 12 gatos. Ainda segundo a BBC a maioria dos frequentadores da casa são homens solteiros. Faltou a BBC publicar que no Brasil, há muito tempo, os homens solteiros frequentam casas onde desfrutam da companhia de "gatas", podendo acariciá-las e até tirar fotos com suas "gatas" favoritas (algumas dessas fotos vão até parar na internet). Os japoneses se orgulham tanto da sua criatividade, mas estão longe de se comparar a criatividade brasileira que além dos estabelecimentos especializados em "gatas" também oferecem a opção da companhia com "piranhas" ou "galinhas", de acordo com o gosto do freguês. O brasileiro é tão imaginativo quando o assunto é o convívio com animais que o jogador Ronaldo, enjoado do convívio dos bichos, resolveu variar procurando "bichas". Imaginem o tamanho da "imaginação"...

Eu sei que muitos me acham exagerado. Minha sobrinha do coração Nathalie Gazaneo, caeté de nascimento, veio me dizer que: "Quem conta um conto, aumenta um ponto". Não quero contestá-la, mas, para aqueles que duvidam da falta de imaginação dos filhos da terra do sol nascente, segue agora outra notícia.

Segundo o portal G1, o fabricante japonês Sega Toys, aproveitando a idéia do personal trainer, inventou um fone de ouvido denominado de "Love Trainer". Segundo o fabricante, o aparelho que funciona com uma pilha, monitora os batimentos cardíacos do usuário, pode ser adaptado a um iPod, reproduz sons e músicas cientificamente testados, dá orientações sobre o ritmo a ser seguido na hora do "I love you" e sugere frases para serem ditas para criar o clima... Entende?

Imaginem só? Tá lá o japa, aceso que só o sol nascente, fone nos ouvidos, ligado no iPod, com a espada do samurai em punho, chega para a japinha e diz:

- Aí pode?

A namorada se vira e simplesmente diz:

- Não pode.

É numa hora dessas que bate o vento leste e o kamikaze fica só no "quase-come".

Imaginativo igual ao brasileiro não existe. Eis que lá pras bandas do Mato Grosso do Sul "Billy da Silva Rosa", um gato da família dos felinos que residia em Antônio João, um dos municípios mais pobres do estado, estava cadastrado no Programa Bolsa Família pelo seu próprio "pai", recebendo o auxílio de R$20,00 durante 7 meses. A imaginação do seu "pai" foi tamanha que, além de cadastrá-lo no Programa, baseando-se no princípio de que um gato tem 7 vidas, ainda conseguiu continuar recebendo o benefício após a sua morte. O consolo que nos fica é saber que o "pai gatuno" foi exonerado a bem do serviço público e irá responder processo judicial.

Caros colegas, ao mesmo tempo em que desejo a todos uma ótima de semana de trabalho, com muito bom humor, desejo também vida longa, para que no futuro possamos contar aos nossos netos a lenda de "Billy The Kid", lá da terra do Tio Sam, e a lenda de "Billy The Cat" e outras personagens da terra do Pantanal.

Saúde e paz,

Virgílio Agra.

sábado, 26 de novembro de 2011

O Princípio do Caratê



(Escrito em 25/01/2009)

Colegas de todos os estados civis.

Na semana que passada, o Estado de São Paulo noticiou que cientistas suecos fizeram uma importante descoberta sobre a influência da promiscuidade feminina e o tamanho dos espermatozóides. Calma, eu já explico.

Baseados em estudos de peixes de lagos africanos, os cientistas da Universidade de Uppsala descobriram que os machos, das espécies cujas fêmeas são promíscuas, desenvolvem espermatozóides maiores e mais rápidos do que aqueles de espécies cujas fêmeas são monogâmicas. Ou seja, os "galegos" (loiros) da terra do Papai Noel passaram um tempão medindo o tamanho dos espermatozóides dos peixes, cronometrando as suas velocidades, contrataram uma equipe de detetives para saber com quem as suas parceiras estavam saindo e depois cruzaram os dados, para chegarem à conclusão que a lei do mais forte também vale para os gametas... Sem comentários.

Enquanto isso a BBC noticiou que em terras britânicas, dois cientistas, pasmem, "descobriram" que homens mais ricos proporcionam mais prazer às mulheres durante as relações sexuais. Ou seja, quanto mais rico o homem, mais frequentemente sua parceira chega ao orgasmo. Baseados numa pesquisa sobre vida, saúde e família de mais de 5.000 pessoas da China, a "dupla de dois" cientistas afirma que esse resultado é fruto de uma "adaptação evolucionária" desenvolvida pelas mulheres na hora de escolher os seus respectivos parceiros.

Tenho todo respeito ao trabalho da dupla, mas acredito que suas conclusões não são necessariamente inéditas. Caso os súditos de Sua Majestade tivessem gozado umas pequenas férias nas praias mornas do nordeste brasileiro, muito provavelmente, teriam ouvido, tomando uma caipirinha e dançando um forró, que há muito tempo já se anunciava o que só agora eles descobriram. Fartamente divulgado em casas de show, automóveis com aparelhos de som ligados em níveis acima dos adequados à saúde auditiva humana e vendedores de CDs piratas, certo compositor de forró a tempos já havia afirmado que as mulheres escolhem os seus parceiros pelo "Princípio do Caratê":

O "cara ter" dinheiro, o "cara ter" carro, o "cara ter" fazenda, etc.

Por tratar-se de assunto polêmico declaro que não pretendo entrar no mérito das conclusões científicas, faço apenas uma pequena reflexão sobre o caráter "inédito" da pesquisa divulgada.

Ao mesmo tempo em que desejo a todos uma ótima semana, aproveito a oportunidade para desejar que "Deus salve a rainha" e a ilumine, para que os recursos científicos do reino se voltem para a pesquisa de males como a malária, esquistossomose e outras doenças que não são encontradas às margens do Tâmisa, mas infelizmente afligem milhões de pessoas de países pobres como o nosso.

Saúde e paz,

Virgílio Agra.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

A marca do carro


(Escrito em 18/01/2009)

Colegas de todos os estilos ortográficos

Acho interessante, nos dias de hoje, o tempo gasto em discussões sobre a nova reforma ortográfica. O assunto é tratado como se fosse uma grande novidade, algo nunca visto, no entanto a língua, tanto falada quanto escrita, sofre tantas alterações ao longo da história que me faz pensar tratar-se de uma grande perda de tempo essa celeuma toda criada em torno deste movimento de unificação da língua portuguesa.

Se quisermos falar sobre as alterações da língua ao longo do tempo, não precisamos ir muito longe para encontrar bons exemplos de que isso ocorre constantemente. Basta prestarmos atenção aos "americanalhismos", inexistentes no nosso falar a 50 anos e tão presentes no nosso dia-a-dia de hoje, como é o caso do uso de termos como "shopping center", "pet shop", "fast food" e "ciber café".

Além das influências que recebemos das diversas línguas estrangeiras, acho muito interessante as alterações sofridas pelo idioma em certas áreas, como a saúde por exemplo. Nos tempos em que minha avó morreu de TUBERCULOSE, dizia-se que o doente morreu TÍSICO, mas hoje inventaram uma moda de dizer que "o paciente está com TB".

Ainda garoto, li um romance no qual um dos personagens estava doente de um CARCINOMA, tempos depois é que soube que aquele termo referia-se a um CÂNCER que hoje é tratado como CA. Alegam os técnicos da área que o uso desses códigos facilitam a comunicação e evitam a “exposição” dos pacientes perante a opinião pública. Sejamos razoáveis, eu sei que só o ato de pronunciar o termo CAR-CI-NO-MA já dá uma irritação na garganta, mas me permitam um só questionamento: Chamar CÂNCER de CA, por acaso, altera em alguma coisa os sintomas da doença ou o sofrimento do paciente? Um bom investimento em pesquisa com certeza fará um efeito muito melhor do que essa mudança estéril de nomenclatura.

Quando eu era adolescente o grande medo dos rapazes da época era "pegar" uma doença venérea. Havia uma boa variedade de doenças venéreas e a maioria delas tinha mais de um nome, como BLENORRAGIA que também era conhecida como GONORRÉIA e outras mais que eu até prefiro nem citar. Eu tenho que admitir que, havia uma variedade grande de nomes para uma mesma doença, mas na hora de unificar a terminologia não tem quem me convença que não houve exagero. Hoje, todas elas são chamadas simplesmente de DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis).

Antigamente o sujeito sofria um DERRAME, hoje sofre um AVC. É tanta sigla que acho que vou ter que voltar para o ABC novamente, só para aprender os nomes dessas doenças todas.

Foi neste contexto de modernidade, em que o rol das doenças é composto por nomes que mais parece uma sopa de letras (lembram-se do campeonato alagoano?), que minha mãe, residente em terras baianas à beira do Velho Chico, estava conversando com uma amiga, ambas da "melhor idade" e, papo vai, papo vem, a conversa rolando solta sobre os mais diversos assuntos, até que minha mãe falando com sua interlocutora sobre uma amiga comum perguntou:

- Você ouviu dizer que "fulana" está com um CA?

E a outra sem saber que a saúde brasileira já havia sofrido a sua própria "Reforma Ortográfica" respondeu:

- E eu sei lá qual é o carro dela?

Também pudera, o que mais se vê hoje em dia são carros com nomes de KA, C3, C4, A1, L200. São nomes tão esquisitos que não é de se estranhar que a coitada tenha se confundido.

Colegas, neste momento em que desejo a todos uma boa semana, gostaria de agradecer a todos os caetés, honorários ou de nascimento, que felicitaram a mim e minha esposa pelo nosso aniversário de casamento e aproveitar a oportunidade para felicitar o caeté honorário Jerailton Viana que, lá das terras da cachoeira de Paulo Afonso, completou 3 anos de casado no mesmo dia 12 de janeiro. Um grande abraço a todos.

Saúde e paz,

Virgílio Agra.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Presepadas de Saci-Pererê


(Escrito em 12/01/2009)

Colegas de todas as mitologias.

Levante a mão quem duvida da existência do Saci-Pererê. Lamento informar à grande massa de incrédulos que lá pras bandas das terras incas surgiu um forte indício da existência deste ser, tido como lendário. Pistas apontam não para a existência de apenas um espécime, mas na verdade de uma grande comunidade de "sem pernas".

Eis que na semana passada, na cidade peruana de Huancayo, ladrões roubaram nada mais nada menos do que 600 (isso mesmo: SEISCENTOS) tênis esportivos, todos do pé esquerdo. Tal quantidade de sapatos daria para calçar um batalhão de Sacis-Pererês e tem seu valor estimado em vinte e dois mil dólares, no entanto, para tristeza dos mais crédulos, na verdade nada vale. Longe de tratar-se de um carregamento de sapatos para atender o mercado de seres mitológicos, a carga foi, segundo seus legítimos proprietários, arrumada de maneira proposital para inibir a ação dos ladrões. Pode até ser, mas se uma carga desta tivesse sido descoberta aqui no Brasil há uns meses atrás, acredito que muita gente associaria a sua existência a um esquema de compra de votos, onde o eleitor receberia um dos pés do tênis antes da eleição e outro após a vitória do candidato. Este sim seria o legítimo voto Saci-Pererê.

Tentando encerrar o assunto, vale informar que, caso algum dos leitores tiver algum tipo de informação sobre "los pies esquierdos", os proprietários da mercadoria oferecem uma recompensa de mil dólares para quem devolver a carga.

Enquanto isso, do outro lado do oceano Pacífico, na cidade australiana de Cairns, eis que um ladrão, menos trapalhão, especializou-se em, pasmem, roubo de sex shops. Dotado de um tesão de fazer inveja a qualquer comprimido de viagra, o bandido entrou duas vezes na mesma loja, "estuprou" uma boneca inflável e ainda roubou outras cinco para.... digamos... comer mais tarde. A polícia por enquanto limitou-se a fazer apenas algumas observações sobre o “modus operandi” do ladrão-tarado. Acredita-se que o mesmo indivíduo já havia roubado outra sex-shop, pois em ambos os casos o meliante entrou nas lojas através de um pequeno orifício que abre na parede. Bastante seletivo, o tarado das sex shops só rouba bonecas do modelo "Jungle Jane" e, após o "i love you" com a escolhida do momento, costuma limpar toda a bagunça obviamente produzida numa bela noite de amor. A polícia australiana está fazendo investigações baseadas em amostras de DNA, impressões digitais e imagens de vídeos, mas se fosse eu o investigador, mandaria fabricar uma boneca inflável da macaca Chita e se a boneca fosse molestada eu não teria a menor dúvida, mandaria prender o Tarzan, editaria as imagens de vídeo e lançaria um filme pornô.

Caros colegas, me desculpem se não escrevi para vocês à semana passada, mas este pobre caeté resolveu fazer uma pequena viagem e passar o reveillon com papai e com mamãe, lá nas plagas baianas às margens da cachoeira de Paulo Afonso. Após um ano de muito trabalho, poder comer a comida de mamãe, respirar o ar quente do sertão nordestino e beber a água do São Francisco era o mínimo que eu merecia.

Ao mesmo tempo em que desejo uma ótima semana para todos e todas as suas famílias, aproveito a oportunidade para informá-los que hoje, 12 de janeiro, estou completando 23 anos de casamento. Um grande abraço a todos e um beijão para Eliane, minha esposa e grande companheira.

Saúde e paz,

Virgílio Agra.

domingo, 13 de novembro de 2011

Fla-Flu



(Escrito em 28/12/2008)

Colegas de todos os laços de parentesco.

Mais um ano está terminando e o que mais se vê na televisão são programas de retrospectiva. Este ano um dos destaques é a retrospectiva esportiva. Um ano de medalhas inéditas nas olimpíadas, o hexacampeonato nacional do São Paulo, o título da Copa do Brasil do Sport Clube do Recife e a conquista da Copa Sul-Americana pelo Internacional. Conquistas que sem dúvida nenhuma engrandecem o esporte nacional, mas para a minha pobre Alagoas, o ano não foi lá essas coisas. Apesar de ser a terra mãe da rainha do futebol, Marta, o estado cujo campeonato estadual parece uma sopa de letrinhas, onde os times são: ASA, CRB, CSA, CSE... , assistiu o rebaixamento de categoria do único time caeté que disputava a segunda divisão do campeonato brasileiro.

Acostumados a um magérrimo desempenho dos times locais nos campeonatos nacionais, é normal os torcedores caetés torcerem não apenas por um time, mas sim por dois, sendo um local e outro de outro estado da federação. Desta forma, podem manifestar os seus sentimentos de glória no maior evento esportivo do país, sendo, portanto, muito comum, encontrarmos pessoas pelas cidades alagoanas trajando camisas dos mais diversos clubes, tanto do sul e sudeste, como também de outros estados nordestinos. É graças a essa paixão nacional que às noites das quartas-feiras e tardes de domingos, muitos bares instalam telões, à frente dos quais grupos de torcedores se posicionam para torcer, mesmo que de longe, pelos seus times do coração.

Foi por ocasião de uma dessas noites futebolísticas que um colega de colégio da minha filha Janaína, daqueles que se aproximam como se nada quisessem, arrastando asa e com olho de peixe morto, resolveu convidá-la para sair. Com medo de receber uma sonora negativa, achou que a melhor estratégia seria convidá-la para um evento público, aberto, onde "todos" estariam. Torcedor fanático do Flamengo, sabendo que naquela noite iria ocorrer um jogo entre Flamengo e Fluminense, resolveu unir o útil ao agradável (neste último requisito entenda-se: minha filha), poderia assistir o jogo, roer as unhas e azarar a garota. Plano genialmente arquitetado, falas previamente decoradas, chegou a ela e disse:

- Queria te convidar para assistir um Fla Flu.

E Janaína, que na época não entendia nada de futebol, e hoje também não, respondeu.

- Que banda é essa?

A resposta foi tão inesperada, que o garoto perdeu a pose, esqueceu o script e soltou:

- Desse jeito não tem como dialogar com você.

A parte boa da história é que terminaram se entendendo e assistindo o jogo. A parte ruim é que esse ano também não foi bom para o Flamengo, mas a parte melhor foi o rebaixamento do Vasco da Gama para a segundona rsrsrssrsrs.

Eh colegas! Criar filhas é fogo.

Hoje, não poderia deixar de aproveitar a oportunidade para desejar a todos um feliz ano novo. Em homenagem a Iemanjá, usarei branco e como oferendas mando e-mails com todo carinho aos meus amigos queridos do coração.

Saúde, paz, paz, paz e paz.

Virgílio Agra.

OBS: O futebol é a paixão nacional, está no sangue, está no pé, está no suor, está no grito, está também nas orações dos torcedores, está na música, está no samba, está na composição de Nando Reis e Samuel Rosa, está no rock de Skank.


terça-feira, 8 de novembro de 2011

Jogo de cintura... e de pernas também


(escrito em 21/12/2008)

Colegas de todas as pontarias.

Na semana que se passou a notícia mais comentada na crônica política mundial foi a sapatada do Bush. Se não fosse a televisão mostrando, quem acreditaria? Sejamos sinceros, caros colegas, quem não gostaria de fazer a mesma coisa que aquele repórter iraquiano? No dia que o cara sair do xilindró será, com certeza, O CARA mais assediado do mundo, mas enquanto o sol nasce quadrado lá para as bandas da Mesopotâmia, o assunto não sai de cena e tem todos os ingredientes para continuar dando ibope aos noticiários do mundo todo. Na internet já existe um jogo onde o internauta pode atirar quantos sapatos quiser no "pobre George". Aliás, é justo admitir, o Bush me surpreendeu pela agilidade, acho que ele guardou para o fim do seu mandato todo o jogo de cintura que faltou ao longo do seu reinado de oito longos anos, mas, segundo o programa CQC (Custe o que custar), caso o sapato atirado fosse o da cantora Simone, não apenas ele não conseguiria se desviar como também a sapatada teria derrubado uns dois ou três de uma só vez.

Enquanto na terra das mil e uma noites ao invés de tapetes quem voava eram os sapatos, aqui em terras caetés o evento mais comentado da semana foi a diplomação dos vereadores da capital. Num evento digno de todos os simbolismos, quem roubou a cena foi a ex-Senadora, ex-candidata a presidente da república e vereadora mais votada de Maceió, Heloisa Helena. Fugindo ao seu conhecido padrão de calças jeans e camisa branca, Heloisa compareceu a solenidade vestindo um belo vestido preto, deixando à mostra um par de pernas que deixou muito marmanjo com o nó da gravata mais apertado. Dizem que até assovios foram ouvidos quando a edil adentrou ao plenário da Câmara de Vereadores. Questionada sobre a mudança no visual ela respondeu apenas que: "o preto é para fazer raiva". Se ela conseguiu provocar raiva eu não sei, outros sentimentos porém... deixa para lá.

É colegas, enquanto o Iraque presenteia o noticiário com a mais famosa sapatada da história a capital caeté contribui com as pernas da Heloisa Helena, fazendo valer a máxima de que cada um dá aquilo que tem.

De minha parte, o ponto alto da semana ocorreu na segunda-feira, na orla da Ponta Verde, onde tive a honra de receber a família caeté honorária de Ivan Varella, num encontro caeté-carioca regado a água de côco, muitos frutos do mar e a felicidade de poder rever um grande amigo.

Lembram-se da história do meu antigo colega de colégio que adotou cinco crianças de uma só vez? Vejam o comentário da caeté honorária Ana Pimenta.

- A história de Jaime é a coisa mais linda que vi e ouvi pela TV no programa Globo Comunidades... Minha filha me viu emocionada e perguntou.

- Mãe morreu alguém?

- Não, renasceram 5 crianças pelas mãos da adoção e ele estudou comigo no Nóbrega.

Colegas, esta semana é especial e além dos tradicionais votos de "boa semana" gostaria de desejar a todos e a todas as suas famílias um feliz natal. Espero que nos dias que se seguem possamos refletir sobre as nossas existências e que possamos "copiar e colar" os atos puros, honestos, humanos e éticos de todos aqueles que possamos reconhecer como homens e mulheres de boa vontade.

De todo meu coração: saúde, paz e feliz natal.

Virgílio Agra.

OBS: Pesquisando nas páginas da grande rede encontrei um ótimo exercício para melhorar o jogo de pernas do Tio Sam, o Samba.
Composta por Gordurinha e Almira Castilho, a música Chiclete com Banana foi gravada lá nos idos de 1959 pelo paraibano Jackson do Pandeiro, sendo um dos seus maiores sucessos.


quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Uma questão de tempo e de cor.


(Escrito em 15/12/2008)
Colegas de todas as idades

Em 1973, após concluir o 4º ano primário, deixei o interior de Alagoas para estudar na capital pernambucana. Dez anos depois, quando deixei para trás as terras do Leão do Norte, eu já era um adulto, tendo lá vivido toda a minha adolescência.

No último sábado, dia 13, voltei ao Recife para participar, pela primeira vez, de um encontro dos antigos colegas do Colégio Nóbrega. Vinte nove anos haviam se passado sem que eu tivesse visto a maioria absoluta dos meus colegas.

Não vou me dar o trabalho de tentar descrever os sentimentos que me acompanharam no percurso, tanto na viagem de Maceió a Recife, quanto da casa da minha irmã, onde eu me hospedava, até o local do encontro, porque estes eram tantos que só enumerá-los já seria uma tarefa árdua, mas com certeza foram momentos de muita ansiedade para mim. Além de ansioso eu também estava preocupado, pois, após tantos anos, será que eu seria capaz de reconhecer meus antigos colegas de colégio? E mais, será que eles me reconheceriam?

Chegando ao Empório Marítimo, bar aprazível localizado às margens do rio Capibaribe, fui me aproximando do local e avistei muitas pessoas em grupos diversos. Ia passando pela calçada e olhando para as mesas, tentando achar algum rosto familiar. De repente, numa mesa, uma turma começou a gritar e chamar pelo meu nome. Olhei e vi uma mesa com um grupo de pessoas que não reconheci, mas, para minha salvação, eles me reconheceram e aí não havia dúvida, parti para o abraço! Foi uma tarde e um início de noite ótimo. Velhas histórias, muito barulho, muitas notícias e fortes abraços.

Quando vi a cara dos meus colegas, imaginei logo, como será que está a minha? Com certeza eu estava com cara de felicidade, sentindo aquele gosto gostoso de retorno a um meio que me era tão valioso. Mas as medidas das cinturas e a cor dos cabelos daqueles que ainda os tinham, era um indício forte do lapso de tempo que nos separou. Mas nada se comparava ao prazer de poder estar ali, entre eles, relembrando velhas histórias e ouvindo novas.

Dentre os presentes estava Jaime Vasconcelos, o meu primeiro amigo quando ingressei no colégio. Das histórias que ouvi, foi a dele a que mais me impressionou. Tentando ajudar um amigo que queria adotar uma criança, numa cidade do interior pernambucano, ele procurou o Conselho Tutelar. Já no primeiro contato, foi informado que havia uma criança com as características desejadas e ele então foi levado até ela. Encontrando a garotinha nos braços de outra menina maior, pensou tratar-se de um gesto de solidariedade entre as crianças que compartilhavam aquele ambiente, no entanto, foi informado que a garotinha que ele pretendia adotar era parte de uma família de cinco crianças, cujos pais perderam a guarda dos filhos, estando todos eles abrigados no órgão de tutela. Percebendo que a adoção da garotinha significaria a fragmentação daquela já desafortunada família, Jaime tomou a decisão mais corajosa que já vi na minha vida. Sendo pai de dois filhos, adotou os cinco irmãos.

É colegas, Jaime adotou os cinco. CINCO.

Quantas surpresas a vida nos reserva. Viajei cerca de trezentos quilômetros para encontrar velhos amigos, ansioso para ver seus rostos, ouvir suas histórias, tomar umas e outras e dar umas boas risadas, mas a melhor de todas as histórias não teve nenhuma relação com a formação escolar ou carreira profissional, mas sim com a capacidade humana de amor e doação.

Hoje gostaria de cumprimentar a todos os colegas da turma A de 1979 do Colégio Nóbrega, porque eles são muito mais do que colegas de uma antiga turma de colégio, eles são o laço que eu tenho com as terras pernambucanas e, em particular, gostaria de saudar o meu amigo Jaime Vasconcelos pela sua vida que é um exemplo para todos nós.

O encontro foi gratificante e eu pude voltar para casa com a certeza de ter restabelecido laços que eram tão significativos pra mim, mas ficou uma dúvida: Porque será que os meus colegas perderam os cabelos ou estes mudaram de cor para a tonalidade branca, enquanto que a parcela feminina da Turma A, sob as mesmas circunstâncias, ostentava belos penteados das mais diversas cores, exceto a branca? É um mistério... é um mistério.

Desejo a todos uma ótima semana e hoje, excepcionalmente, mando a todos minhas saudações mamelucas.

Saúde e paz,

Virgílio Agra.

OBS: Nada melhor que uma música de Capiba para representar minha ligação com Recife, aqui na voz do grande Alceu Valença


sábado, 15 de outubro de 2011

Crime do colarinho branco


(Escrito em 08/12/2008)
Colegas de todos os níveis etílicos.

Chope combina com que?

Segundo a caeté honorária Penha Faber, com a qual eu concordo, chope combina com charque frito, macaxeira e um bom papo, mas, em terras catarinenses, chope combina com causa na justiça federal. Como? Já, já eu explico.

Entendendo que num copo de chope, apenas a parte líquida deveria ser cobrada e que a espuma deveria ser desconsiderada da medida servida, o Inmetro multou um restaurante de Blumenau que serviu esta bebida com espuma, formando aquilo que popularmente se conhece como colarinho. O mesmo apelou para o Tribunal Regional Federal da 4ª Região que, através da sua 3ª Turma, decidiu que o colarinho faz parte do produto. Sabiamente, e para o bem da paz em todas as rodas de chope do país, a relatora do processo, a Desembargadora Maria Lúcia Luz Leiria declarou:

- Entendo que a portaria do Inmetro em tela não se aplica ao chope, na forma em que mediu o fiscal, ou seja, o chope é também o seu colarinho. Assim, a bebida servida pelo restaurante estava de acordo com as caracterizações necessárias.

Num legítimo "jurisdiquês" a nobre magistrada sentenciou o que todo mundo já sabia: "Chope sem colarinho não é chope".

É colegas, num país onde não faltam mazelas, acho que podemos dizer que dessa vez a justiça julgou, literalmente, um caso de "crime do colarinho branco". Com relação ao fiscal do Instituto de Metrologia, do jeito que está chovendo pras bandas do Vale do Itajaí, acho que ele deveria tomar cuidado para não entrar água no chope.

Neste dia 08 de dezembro, espero que todos tenham uma ótima semana, desejo àqueles que estão ao norte do Velho Chico as bênçãos de Iemanjá, para aqueles que estão ao sul, as bênçãos de Nossa Senhora da Conceição e para a filha e caeté Janaína, os meus parabéns por mais um ano.

Aproveitando o feriado em terras caetés, vou tomar meu chopinho que ninguém é de ferro, pois até sino, que tem a boca para baixo, também molha os beiços.

Saúde e paz,

Virgílio Agra.

sábado, 8 de outubro de 2011

Só para homens?


(Escrito em 02/12/2008)

Colegas do sexo masculino. Vocês usam viagra?

Colegas do sexo feminino. Vocês usam sutiã?

Acho que alguns não souberam, mas neste ano, que se acabará nos próximos 30 dias, além da comemoração dos duzentos anos da chegada da família real portuguesa ao Brasil e do centenário da imigração japonesa, estamos comemorando também os 10 anos da segunda revolução sexual. A primeira ocorreu nos idos da década de 60 do século passado, quando as mulheres queimaram os SUTIÃS em praça pública e o mundo viveu a trilogia do "sexo, drogas e rock and roll" (ô tempo bom). A segunda ocorreu exatamente no ano de 1998 com o surgimento do revolucionário VIAGRA.

O princípio ativo, citrato de sildenafila (não confundir com "se fudeu na fila"), foi desenvolvido para aliviar dores no peito, mas quando os pesquisadores começaram a observar os efeitos colaterais nos pacientes do sexo masculino, perceberam que mesmo que o remédio não curasse os males do coração pelo menos permitiria aos seus usuários morrerem de cabeça erguida.

Quando se dará a próxima revolução sexual eu não sei, mas eis que do outro lado do mundo, na terra do sol nascente, uma empresa especializada em lingeries está causando o maior rebuliço por ter incluído no seu mixing de produtos: SUTIÃS para homens. Vendidos ao preço de 30 dólares cada, já vendeu mais de 300 peças em apenas duas semanas de funcionamento. Além dos SUTIÃS masculinos e outras peças voltadas para o público feminino, a loja também oferece calcinhas desenhadas especialmente para um público que deveria gastar o dinheiro comprando VIAGRA e não calcinha.

Já pensaram caros colegas? O sujeito vai para a balada, descola a maior gata, e na hora do "rala e rola" o cara diz:

- Gata, tira o SUTIÃ...

E ela com uma voz sensual, sussurrando no seu ouvido, daquele jeito que faz um VIAGRA tornar-se brinquedo de criança, responde:

- O meu... ou o seu???

Valei-me meu "Padim Ciço", que isso é o fim do mundo!

Do jeito que o mundo está, prefiro continuar contando os "causos" do sertão nordestino. A propósito, lembram-se da história de "Seu" Leusinger que contei na semana passada? Permitam-me compartilhar com vocês o comentário do caeté honorário Jilmar Machado, lá da cidade maravilhosa, que escreveu:

- É interessante como tantas pessoas humildes, como o "Seu" Leusinger Melo praticam a caridade de uma forma tão natural, não é? Sem que percebam, ou se dêem conta, elas espalham o bem ao seu redor sem necessariamente esperar qualquer gesto de gratidão. Fazem isso quase que por instinto. Um dia pretendo chegar a este patamar.

E referindo-se a indicação de "Zé Melo":

- Parabéns pelo sucesso de mais um irmão caeté.

Caro Jilmar, eu que te parabenizo por ter entre as metas da sua vida fazer o bem não interessando a quem.

Colegas, aproveito a oportunidade para desejar a todos uma boa semana de trabalho e, para aqueles que tenham interesse, devo informar que os SUTIÃS masculinos são comercializados nas cores preta, branca e rosa, e podem ser usados discretamente sob a roupa. Quanto ao VIAGRA, quando os cientistas viram os resultados do “citrato não sei de que”, adivinhem em quem eles se inspiraram para batizar o remédio?

Saúde e paz,

Virgílio Agra.

OBS: Vendo essas novidades todas que vem lá das bandas do sol nascente, lembrei-me de uma música composta por Guio de Moraes e gravada por Luiz Gonzaga em 1950, que retrata bem o choque cultural de ontem, como o de hoje também. Vale citar a participação da voz inconfundível do cantor cearense Fagner.

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