Santana do Ipanema - 1970
Monumento ao jumento que tanto carregou água no sertão
(escrito em 20/10/2010)
Colegas de todos os hábitos alimentares
O Brasil vive atualmente, em regime de segundo turno, mais um processo de eleição do dirigente máximo do nosso grande país e, em alguns estados da federação, a eleição dos seus respectivos governadores. As eleições mexem com o país inteiro, torna-se a notícia do momento e disputa com o futebol e as notícias de catástrofes o espaço nos noticiários de norte a sul.
Apesar das eleições serem consideradas como o principal marco da democracia dos tempos atuais, há que se admitir que num país onde poucas pessoas dominam os meios de comunicação e de produção, o resultado final de uma eleição dificilmente refletirá a exata vontade de um povo. Se as elites econômicas do país têm a capacidade de influenciar as suas instituições, como duvidar da sua capacidade de manipular a vontade daqueles que votam dando ouvido muito mais ao ronco da barriga do que as "propostas" dos diversos candidatos?
No primeiro turno das eleições 2010, no estado de Alagoas, concorreu ao governo do estado, dentre outros, o Senador Fernando Collor de Mello que, após ter reavido os seus direitos políticos, elegeu-se senador da república em 2008. Lamentavelmente, no decorrer da campanha, um determinado apresentador de programa de televisão, o Senhor Ratinho, afirmou que mandaria para o estado de Alagoas um caminhão de capim, caso o povo caeté o elegesse governador.
Reconheço, naturalmente, o direito que tem o apresentador de expressar sua preferência política, sexual, gastronômica, esportiva, etc. Mas, o exercício do seu direito de expressão não o autoriza a ofender o povo do meu estado. Se o destemperado apresentador fizesse um breve exercício de observação, descobriria que, de norte a sul do país, concorriam às eleições muitos candidatos sem a menor condição cultural nem moral para o exercício de um cargo político. Apesar de que em todos os estados concorressem bons e maus candidatos, em vários deles sagraram-se vencedores candidatos de qualidades duvidosas. Apenas para exemplificar, permitam-me citar os casos dos Deputados Federais eleitos Romário no Rio de Janeiro e o palhaço Tiririca em São Paulo, cuja alfabetização é contestada. Votos de protesto? Será? Se assim fosse? Como se explicaria a eleição, também no estado de São Paulo, o estado mais rico do país, do Sr. Paulo Salim Maluf, velho conhecido da crônica da má política no Brasil?
Se formos listar os maus exemplos de escolha eleitoral, acredito que teríamos uma lista tão grande que este texto se tornaria até enfadonho, tal seria a sua extensão. Se a lista dos exemplos é tão vasta e nela consta maus políticos do país inteiro, por que apenas o estado de Alagoas merece receber tão desaforada oferta? Com certeza, por ser um dos menores e mais pobres estados do país. Talvez o "muito esclarecido" apresentador se encontre neste momento satisfeito pela ousadia do seu comentário maldoso, preconceituoso, arrogante e covarde. Mas, eu torno a perguntar: a quem se deve atribuir responsabilidades por possíveis más escolhas num país onde crianças se prostituem e pedem esmolas nos sinais de trânsito? Com certeza esta responsabilidade não cabe aos pobres, que, fragilizados pela miséria e pela opressão, não têm condições de se defender daqueles que com acenos e um punhado de dinheiro manipula suas consciências e "compra-lhes" os votos.
Sugiro ao dito apresentador que não se aproveite da liberdade de expressão para, usando o seu canal de televisão, vir ofender o sofrido povo do pequeno e esquecido estado de Alagoas. Ao invés disso, empregue sua "coragem", se é que ele a tem, para atacar indivíduos poderosos e, ao invés de enviar aos alagoanos a sua encomenda desaforada, mande para nós uma dose de respeito, elemento muito mais útil para todos os cidadãos deste grande país. Com relação ao seu caminhão de forragem, não o envie para outro estado, porque a vontade democrática de todos deve sempre ser respeitada. Sugiro aqui que ele mesmo o coma, pois, por ser o capim um vegetal rico em fibras, com certeza deverá ajudá-lo a perder um pouco das gorduras que enfeitam sua região abdominal, sinal da sua abastança financeira, não cultural.
Em tempo, por ter ficado em terceiro lugar no primeiro turno das eleições, o Senador Fernando Collor de Mello ficou fora da disputa pelo governo do estado de Alagoas. Naturalmente, o mesmo retornará ao exercício do seu mandato de senador e, nesta condição eu desejo, sinceramente, que trabalhe com dedicação e serenidade para o bem não apenas do meu pequeno estado como também para o bem do meu grande país.
Relutei bastante em escrever sobre esse assunto. Não se trata aqui de um ato de defesa de nenhum candidato, não importa que nome ele tenha. No entanto, quero deixar bastante claro que me posiciono exclusivamente como um cidadão alagoano ofendido com a agressão desferida contra a população do meu estado. Composta por pessoas que, ao cumprir o dever cívico de votar, têm que escolher entre as candidaturas inscritas, submetendo-se a todo tipo de assédio por parte das forças políticas do estado. Realidade encontrada, incontestavelmente, em todos os outros estados da federação.
Ainda no primeiro turno, enquanto a campanha rolava com o tradicional jogo de palavras dos candidatos, em terras caetés, na pequena Santana do Mundaú, cidade duramente atingida pelas enchentes de junho deste ano, a justiça eleitoral se esforçava para garantir aos cidadãos daquela cidade o exercício do sagrado direito de votar. Como as poucas escolas que escaparam da fúria da enchente ainda encontravam-se ocupadas pelos desabrigados, a solução encontrada foi instalar todas as 20 seções eleitorais da cidade em barracas. A Defesa Civil forneceu as barracas, o Exército Brasileiro montou-as e o pessoal da justiça eleitoral dotou-as das instalações mínimas necessárias para o funcionamento das urnas eletrônicas. Mesas, cadeiras e banheiros químicos foram alugados e, finalmente, no último dia 03 de outubro a população de Santana do Mundaú pode participar, em pé de igualdade com qualquer outra cidade, do maior evento da jovem democracia do nosso país.
Aproveitando a oportunidade para sugerir a todos uma dieta bastante equilibrada, desejo a todos os meus amigos uma ótima semana de trabalho.
Saúde, luz e paz
Virgílio Agra.
O Brasil vive atualmente, em regime de segundo turno, mais um processo de eleição do dirigente máximo do nosso grande país e, em alguns estados da federação, a eleição dos seus respectivos governadores. As eleições mexem com o país inteiro, torna-se a notícia do momento e disputa com o futebol e as notícias de catástrofes o espaço nos noticiários de norte a sul.
Apesar das eleições serem consideradas como o principal marco da democracia dos tempos atuais, há que se admitir que num país onde poucas pessoas dominam os meios de comunicação e de produção, o resultado final de uma eleição dificilmente refletirá a exata vontade de um povo. Se as elites econômicas do país têm a capacidade de influenciar as suas instituições, como duvidar da sua capacidade de manipular a vontade daqueles que votam dando ouvido muito mais ao ronco da barriga do que as "propostas" dos diversos candidatos?
No primeiro turno das eleições 2010, no estado de Alagoas, concorreu ao governo do estado, dentre outros, o Senador Fernando Collor de Mello que, após ter reavido os seus direitos políticos, elegeu-se senador da república em 2008. Lamentavelmente, no decorrer da campanha, um determinado apresentador de programa de televisão, o Senhor Ratinho, afirmou que mandaria para o estado de Alagoas um caminhão de capim, caso o povo caeté o elegesse governador.
Reconheço, naturalmente, o direito que tem o apresentador de expressar sua preferência política, sexual, gastronômica, esportiva, etc. Mas, o exercício do seu direito de expressão não o autoriza a ofender o povo do meu estado. Se o destemperado apresentador fizesse um breve exercício de observação, descobriria que, de norte a sul do país, concorriam às eleições muitos candidatos sem a menor condição cultural nem moral para o exercício de um cargo político. Apesar de que em todos os estados concorressem bons e maus candidatos, em vários deles sagraram-se vencedores candidatos de qualidades duvidosas. Apenas para exemplificar, permitam-me citar os casos dos Deputados Federais eleitos Romário no Rio de Janeiro e o palhaço Tiririca em São Paulo, cuja alfabetização é contestada. Votos de protesto? Será? Se assim fosse? Como se explicaria a eleição, também no estado de São Paulo, o estado mais rico do país, do Sr. Paulo Salim Maluf, velho conhecido da crônica da má política no Brasil?
Se formos listar os maus exemplos de escolha eleitoral, acredito que teríamos uma lista tão grande que este texto se tornaria até enfadonho, tal seria a sua extensão. Se a lista dos exemplos é tão vasta e nela consta maus políticos do país inteiro, por que apenas o estado de Alagoas merece receber tão desaforada oferta? Com certeza, por ser um dos menores e mais pobres estados do país. Talvez o "muito esclarecido" apresentador se encontre neste momento satisfeito pela ousadia do seu comentário maldoso, preconceituoso, arrogante e covarde. Mas, eu torno a perguntar: a quem se deve atribuir responsabilidades por possíveis más escolhas num país onde crianças se prostituem e pedem esmolas nos sinais de trânsito? Com certeza esta responsabilidade não cabe aos pobres, que, fragilizados pela miséria e pela opressão, não têm condições de se defender daqueles que com acenos e um punhado de dinheiro manipula suas consciências e "compra-lhes" os votos.
Sugiro ao dito apresentador que não se aproveite da liberdade de expressão para, usando o seu canal de televisão, vir ofender o sofrido povo do pequeno e esquecido estado de Alagoas. Ao invés disso, empregue sua "coragem", se é que ele a tem, para atacar indivíduos poderosos e, ao invés de enviar aos alagoanos a sua encomenda desaforada, mande para nós uma dose de respeito, elemento muito mais útil para todos os cidadãos deste grande país. Com relação ao seu caminhão de forragem, não o envie para outro estado, porque a vontade democrática de todos deve sempre ser respeitada. Sugiro aqui que ele mesmo o coma, pois, por ser o capim um vegetal rico em fibras, com certeza deverá ajudá-lo a perder um pouco das gorduras que enfeitam sua região abdominal, sinal da sua abastança financeira, não cultural.
Em tempo, por ter ficado em terceiro lugar no primeiro turno das eleições, o Senador Fernando Collor de Mello ficou fora da disputa pelo governo do estado de Alagoas. Naturalmente, o mesmo retornará ao exercício do seu mandato de senador e, nesta condição eu desejo, sinceramente, que trabalhe com dedicação e serenidade para o bem não apenas do meu pequeno estado como também para o bem do meu grande país.
Relutei bastante em escrever sobre esse assunto. Não se trata aqui de um ato de defesa de nenhum candidato, não importa que nome ele tenha. No entanto, quero deixar bastante claro que me posiciono exclusivamente como um cidadão alagoano ofendido com a agressão desferida contra a população do meu estado. Composta por pessoas que, ao cumprir o dever cívico de votar, têm que escolher entre as candidaturas inscritas, submetendo-se a todo tipo de assédio por parte das forças políticas do estado. Realidade encontrada, incontestavelmente, em todos os outros estados da federação.
Ainda no primeiro turno, enquanto a campanha rolava com o tradicional jogo de palavras dos candidatos, em terras caetés, na pequena Santana do Mundaú, cidade duramente atingida pelas enchentes de junho deste ano, a justiça eleitoral se esforçava para garantir aos cidadãos daquela cidade o exercício do sagrado direito de votar. Como as poucas escolas que escaparam da fúria da enchente ainda encontravam-se ocupadas pelos desabrigados, a solução encontrada foi instalar todas as 20 seções eleitorais da cidade em barracas. A Defesa Civil forneceu as barracas, o Exército Brasileiro montou-as e o pessoal da justiça eleitoral dotou-as das instalações mínimas necessárias para o funcionamento das urnas eletrônicas. Mesas, cadeiras e banheiros químicos foram alugados e, finalmente, no último dia 03 de outubro a população de Santana do Mundaú pode participar, em pé de igualdade com qualquer outra cidade, do maior evento da jovem democracia do nosso país.
Aproveitando a oportunidade para sugerir a todos uma dieta bastante equilibrada, desejo a todos os meus amigos uma ótima semana de trabalho.
Saúde, luz e paz
Virgílio Agra.
OBS: Já que estamos falando de capim e de cultura
também, segue abaixo uma homenagem do grande Luiz Gonzaga a um irmão nosso e grande
comedor de capim, lembrando que 2012 é o ano do centenário deste grande
artista.
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