Complexo
das Usinas Paulo Afonso III, I e II.
Foto de
Mário Roberto Batista.
Colegas de todos os "grilos".
Quem assistiu ao filme "O Último Imperador", talvez se lembre de uma parte da história onde o personagem principal, o imperador da China Pu Yi, ainda criança, recebeu um estojo que continha um grilo. Se na vida real o imperador ganhou um grilo, ou não, eu não sei, pois eu não estava lá, mas a cena faz sentido por conta da significância desse inseto para os chineses que admiravam tanto o seu canto a ponto de criarem os bichinhos em gaiolas, do mesmo jeito que aqui tem gente que cria passarinho. Hoje em dia, quando viajo ao sertão e tenho uma rara oportunidade de passar uma noite na zona rural, acho gostoso dormir ouvindo o canto dos grilos, mas tenho que reconhecer que um bichinho desses dentro de um quarto fechado é uma companhia nada recomendável para uma boa noite de sono. O certo é que a interação que os povos têm com os elementos da natureza variam muito de local para local, mas uma coisa é certa, o canto de um grilo é inconfundível em qualquer lugar do mundo.
Vocês se lembram que eu falei um dia desses sobre um ex-Operador de Instalações da Companhia Hidroelétrica do São Francisco - CHESF, chamado Reginaldo Barros? Pois bem, Reginaldo tem um rol de presepadas que aprontou com os colegas que, sozinhas, davam para publicar um livro.
Como o serviço de geração de energia é contínuo, 24 horas por dia, é natural que algumas funções também precisem funcionar de maneira ininterrupta. Ou seja, do mesmo jeito que os Operadores trabalham se revezando em turnos, mantendo as máquinas e o sistema elétrico funcionando, o setor de segurança patrimonial também tem que trabalhar continuamente para garantir a integridade física das pessoas e dos equipamentos. Enquanto que durante o dia há uma movimentação constante de técnicos das áreas de manutenção e administração, à noite os únicos postos de trabalho que se mantêm ativos são a Operação e a Segurança.
Não é necessário uma pessoa ter trabalhado em regime de plantão para saber que, quando chega o turno da noite o cansaço chega também, mas as características do trabalho exigem que o indivíduo fique alerta, pois existem rotinas que precisam ser cumpridas ao longo do período, mas, a bem da verdade, existem aqueles que, por motivos os mais diversos, não conseguem resistir.
Quem assistiu ao filme "O Último Imperador", talvez se lembre de uma parte da história onde o personagem principal, o imperador da China Pu Yi, ainda criança, recebeu um estojo que continha um grilo. Se na vida real o imperador ganhou um grilo, ou não, eu não sei, pois eu não estava lá, mas a cena faz sentido por conta da significância desse inseto para os chineses que admiravam tanto o seu canto a ponto de criarem os bichinhos em gaiolas, do mesmo jeito que aqui tem gente que cria passarinho. Hoje em dia, quando viajo ao sertão e tenho uma rara oportunidade de passar uma noite na zona rural, acho gostoso dormir ouvindo o canto dos grilos, mas tenho que reconhecer que um bichinho desses dentro de um quarto fechado é uma companhia nada recomendável para uma boa noite de sono. O certo é que a interação que os povos têm com os elementos da natureza variam muito de local para local, mas uma coisa é certa, o canto de um grilo é inconfundível em qualquer lugar do mundo.
Vocês se lembram que eu falei um dia desses sobre um ex-Operador de Instalações da Companhia Hidroelétrica do São Francisco - CHESF, chamado Reginaldo Barros? Pois bem, Reginaldo tem um rol de presepadas que aprontou com os colegas que, sozinhas, davam para publicar um livro.
Como o serviço de geração de energia é contínuo, 24 horas por dia, é natural que algumas funções também precisem funcionar de maneira ininterrupta. Ou seja, do mesmo jeito que os Operadores trabalham se revezando em turnos, mantendo as máquinas e o sistema elétrico funcionando, o setor de segurança patrimonial também tem que trabalhar continuamente para garantir a integridade física das pessoas e dos equipamentos. Enquanto que durante o dia há uma movimentação constante de técnicos das áreas de manutenção e administração, à noite os únicos postos de trabalho que se mantêm ativos são a Operação e a Segurança.
Não é necessário uma pessoa ter trabalhado em regime de plantão para saber que, quando chega o turno da noite o cansaço chega também, mas as características do trabalho exigem que o indivíduo fique alerta, pois existem rotinas que precisam ser cumpridas ao longo do período, mas, a bem da verdade, existem aqueles que, por motivos os mais diversos, não conseguem resistir.
Quando fui trabalhar na Usina Apolônio Sales,
havia um carro de plantão para atender as demandas do serviço de operação e
éramos nós os operadores quem o dirigia, mas em tempos anteriores havia um
motorista profissional que, por conta do serviço, também tinha que ficar de
plantão. Certo dia, Reginaldo percebeu que o motorista durante a noite sempre
dava um "cochilo" e, para garantir maior conforto, o rapaz dormia
dentro do carro. Percebendo a manobra dele, Reginaldo, inteligente como era,
arquitetou um plano para pregar-lhe uma peça. O resultado foi de uma maestria
que entrou para os anais da Usina.
Usando de muita habilidade e paciência, Reginaldo conseguiu capturar uma porção de grilos, os colegas falaram que devia ter sido mais de vinte grilos. Discretamente, levou os bichos para a usina dentro de uma caixa e, quando foi de noitinha, soltou os insetos dentro do carro de plantão. O grilo, apesar de ter um canto muito estridente, é por sua natureza um animal muito tímido, então, quando foram soltos, todos eles procuraram imediatamente um lugarzinho para se esconder. Uns foram para debaixo dos tapetes, outros para debaixo dos bancos, alguns por alguma pequena abertura entraram no painel do carro enquanto outros se acomodaram na primeira reentrância que encontraram. Como a viatura ficava com os vidros fechados todos os animais, sem alternativa de fuga, tiveram que encontrar abrigo dentro do carro.
Naquela noite, no pátio da usina, tudo corria dentro da maior normalidade. Vendo que tudo estava calmo, o motorista aproximou-se do veículo, abriu a porta e a luz interna acendeu. O banco do carro parecia que convidava o rapaz a sentar-se e, o convite sendo aceito, tudo caminhava para mais uma noite de sonhos. O banco foi ajustado para dar mais conforto, a porta foi fechada, a luz interna apagou-se e, naquela penumbra, o motorista fechou os olhos. De repente ele ouviu um barulhinho.
- Triiii, triiii, triiii, triiii, triiii...
- Ai meu Deus, "parece" que tem "um" grilo aqui dentro.
Quando o rapaz se mexeu dentro do carro e acendeu a luz interna, os grilos com a sua conhecida cautela se calaram e, logicamente, cada um procurou o seu refúgio. Após uma breve busca e, nada encontrando, o homem apagou a luz e voltou a se acomodar. Com a escuridão e o silêncio da noite os grilos voltaram à atividade.
- Triiii, triiii, triiii, triiii...
- Vou pegar esse grilo!
A porta foi aberta, a luz interna foi acesa, os grilos voltaram a se esconder e o motorista começou a remexer o interior do carro. Rapidamente encontrou um grilinho que imediatamente foi despejado das suas acomodações. Satisfeito, o sujeito sentou novamente e relaxou. Quando estava quase dormindo...
- Triiii, triiii, triiii, triiii...
- Minha Nossa, tem outro grilo.
Reiniciou-se a operação de caça ao inseto até que, após alguns minutos, ocorreu a captura de um novo grilo que foi expulso sumariamente do ambiente.
E assim correu a noite toda. O motorista se acomodava, com o silêncio e a escuridão os grilos cantavam, a luz interna do veículo era acesa, o carro era revirado e um novo grilo era despejado. Nesta noite, com certeza, o rapaz não conseguir sequer pregar o olho, mas na manhã seguinte todo mundo da usina estava rindo por causa de mais uma das astúcias de Reginaldo.
Lembrando que na década de 70, na gíria, "grilo" era uma palavra que significava problemas, gostaria de desejar a todos os meus amigos uma vida sem "grilos", porém me permitam desejar que em cada um de vocês pouse um grilo, pois na tradição chinesa um evento desses significa boa sorte.
Saúde, luz e paz
Virgílio Agra.
(Escrito em 29/03/2011)
PS: Para aqueles que não assistiram “O último
imperador”, de Bernardo Bertolucci, segue aqui um pequeno flash dessa magnífica
obra do cinema. Para aqueles que tiveram o prazer de assisti-lo, segue uma
palhinha só para recordar.
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