terça-feira, 30 de agosto de 2011

Plural de café



(Escrito em 19/10/2008)

Colegas de todos os paladares.

Qual é o plural de café?

Quem respondeu cafés, cuidado e preste atenção, corre o risco de errar.

Tenham calma, tenham calma. Já vou explicar.

É que chegou uma notícia que estão produzindo um café, lá prás bandas da Indonésia, no outro lado do mundo, cujos grãos, antes de ir para a torrefação, são primeiramente comidos e depois são "descomidos" por um tipo de gato da região. Imaginem colegas, que alguém teve a idéia, não sei se por necessidade ou para pregar uma peça em alguém, de catar os grãos contidos nas fezes dos bichanos, torrou, moeu, preparou a bebida e por incrível que pareça, este café hoje é vendido para os "steites" por um preço caríssimo, disponível apenas para ricaços filhos do Tio Sam. É que segundo os peritos no assunto, a ação dos sucos gástricos desses animais sobre os grãos do café, confere ao produto final características de sabor e aroma especiais.

Aqui no Brasil, em terras capixabas, um plantador de café observou que os jacus se alimentavam dos frutos do café e resolveu copiar a idéia, logo, está catando as fezes destas aves e produzindo um café cuja produção é vendida integralmente para a Europa. Imaginem como seria a publicidade de um café desses:

- Café Jacu, selecionado, torrado, moído e cagado.

Outra opção seria:

- Café Jacu, cagado pelos melhores "jacus" da região. (Com opção de excluir a sílaba "ja" para confirmar a origem do produto).

- Café Jacu, sabor e aroma dos melhores cafés e c...s.

As opções são tantas que os marqueteiros iriam se deliciar.

Eu sei que alguns vão achar exagero meu, mas também pudera, um café feito com um grão que além de cagado, é cagado por um bicho chamado jacu?

Eu fico tentando imaginar como é a vida de um catador de cocô de gatos na Indonésia. Será que eles usam algum tipo de máscara para realizar o trabalho? Acho que quando termina o dia de serviço os caras estão com o nariz anestesiado.

Quando soube dessa notícia lembrei logo do meu amigo Ivan Varella, apreciador de um cafezinho e criador de gatos. Imaginem a cena: Ivan misturando frutos de café na ração dos gatos e depois, agachado, com pazinha em punho, e dizendo "chaninho, chaninho..." e desenterrando os cocôs dos gatos para catar os grãos. Acho que sob essas condições eu vou preferir tomar chá.

E aí colegas? Qual é o plural de café? Do jeito que a coisa vai, acho que na próxima reforma gramatical poderá ser chamado de "cafezes"..

Aproveitando a oportunidade para desejar a todos uma ótima semana, espero que todos nós possamos nos conformar com o fato de que o ovo ganhou companhia na lista dos alimentos que antes de vir para a nossa mesa passaram antes pelo orifício retro-furicular de alguém.

Saúde e paz,

Virgílio Agra

Em tempo: O tal “gato” da Indonésia é um animal chamado civeta e não é um felino, na verdade é um marsupial sendo, portanto, parente mais próximo dos cangurus e gambás.

sábado, 20 de agosto de 2011

Homenagem a Jorginho

(Escrito em 12/10/2008)

Queridos Colegas.

Quando fui trabalhar no Rio de Janeiro, a primeira semana de trabalho foi de intermináveis palestras de ambientação. Naquela ocasião, chamou minha atenção a presença de um colega que usava cadeira de rodas.

Fui destacado para trabalhar no Núcleo Administrativo do Caju, longe do centro da cidade, e para minha surpresa descobri que este colega também foi para lá e trabalhava no pavilhão vizinho ao meu. Fomos apresentados e soube que se chamava Jorge. Algumas vezes fui até a Seção de Materiais Permanentes, onde o mesmo estava lotado, e passei a tratá-lo por Jorginho. Ao longo do tempo que lá permaneci, soube que ele tornara-se tetraplégico após um acidente e tinha apenas parte dos movimentos dos membros superiores, mas o seu empenho e sua vontade de viver e construir algo era tão forte, que não apenas fora capaz de passar no concurso ao qual concorremos, mas paralelamente cursava uma faculdade, numa demonstração clara de que tinha planos para o próprio futuro. Diante de um quadro desses, inevitavelmente, Jorginho conquistou a mais profunda admiração de todos.

Na última semana recebi a notícia que Jorginho finalmente se livrou da sua cadeira de rodas. Após passar uns dias internado numa UTI partiu para outra dimensão. Jorginho agora se locomove livremente na memória de todos aqueles que o conheceram brindando a todos nós com o seu exemplo de força, tenacidade e sucesso, mesmo diante de todas as adversidades. Partiu deixando saudades e onde quer que ele esteja agora sua presença é motivo de regozijo, alegria e motivação para enfrentar as dificuldades do dia-a-dia.

Jorginho encontrou a paz e esta Saudações Caetés é toda dedicada a ele.

Com muito carinho desejo a todos uma boa semana.

Que todos tenham muita saúde e paz.

Virgílio Agra.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Candidato bom de rádio, bom de voto


Escrito em (06/10/2008)

Colegas de todas as legendas.

Durante as últimas eleições fui destacado pela Justiça Eleitoral, para realizar um trabalho numa cidade do interior lá no sertão alagoano. Apesar das perspectivas sombrias, acerca do clima eleitoral naquele município, nada encontrei que não fosse o esperado em uma cidade qualquer durante um evento deste tipo e pude realizar meu trabalho sem maiores preocupações. Enquanto observava as pessoas e ouvia as conversas e especulações sobre o resultado do pleito, me veio à lembrança um velho amigo que há tempos não vejo.

Arnaldo Ferreira Gomes era vendedor na loja de meu pai, lá nas bandas de Paulo Afonso, no sertão da Bahia. Arnaldo começou a trabalhar na loja muito jovem, quase um menino. Começou realizando serviços auxiliares no depósito e em pouco tempo estava com uma caneta e um talão realizando vendas atrás do balcão. Naquele tempo, quando não existiam os modernos sistemas de auto-atendimento, tele-marketing nem vendas on-line, quem trabalhava com vendas ou era caixeiro viajante ou era balconista. Sobrou para Arnaldo este último título. No começo ele era magrinho, mas com o passar do tempo e com a relativa ascensão profissional, conseguiu acumular alguns pesos a mais, de modo que alguns colegas também o chamavam de “Gordo”.

Confesso a vocês que, em toda a minha vida, não conheci até hoje um sujeito tão espirituoso quanto ele. Dotado de grande inteligência, até hoje eu me divirto lembrando as suas astúcias. Evangélico, fiel praticante dos seus preceitos religiosos, conseguia tirar onda com a cara de qualquer um, sem jamais fazer uso de palavrões ou qualquer termo que pudesse ser taxado de baixo calão. Com seu jeito habilidoso de falar, sabia conduzir um diálogo para o ponto em que soltava a piada certa com a cara do sujeito. A coisa era tão bem conduzida que até a “vítima” da vez achava engraçado. O ambiente de trabalho com ele ficava tão leve e divertido que quando ele tirava férias, os clientes reclamavam da sua ausência.

Se eu me atrevesse a relatar todas as brincadeiras que ele tirou ao longo do tempo em que trabalhou no balcão do Ferrageiro, com certeza daria para escrever um livro de grossas dimensões. Como costumamos dizer aqui no nordeste, ele fazia “resenha” com todo mundo, mas com aqueles que tinham pretensões políticas, sua habilidade chegava à beira da perfeição.

Certa vez, conversando com um cliente que externara sua vontade de se candidatar a vereador numa cidade vizinha, Arnaldo começou a falar que já tinha ouvido várias vezes o nome dele na rádio. Ouvindo um comentário daqueles o cabra se interessou pela conversa. Começou a falar sobre seu potencial eleitoral, sobre “serviços prestados” à comunidade e coisa e tal. O Gordo por sua vez foi alimentando a conversa e vez por outra dizia:

- A rádio só fala seu nome.

A conversa continuou, algumas pessoas que ouviram começaram fazer perguntas e Arnaldo de vez em quando olhava para o sujeito e dizia:

- A rádio só fala seu nome.

Lá para as tantas, depois de ouvir várias vezes as palavras de Arnaldo o pré-candidato não se agüentou de curiosidade e perguntou.

- Que rádio?

E a resposta foi imediata

- A Rádio Patrulha.

Aí, então, todo mundo caiu na risada.

Em outra ocasião, desta vez após uma eleição, um cliente começou a comentar a derrota sofrida por um parente no último pleito. Arnaldo aproximou-se, ouviu a conversa e, em dado momento, fez uma cara de repreensão e disse:

- Durante a eleição eu disse a ele que tinha mais de 20 votos e ele não quis de jeito nenhum.

Ouvindo aquilo o homem ficou indignado. Como é que um candidato tem a capacidade de recusar 20 votos? Numa eleição municipal é um peso considerável. Olhando para o Gordo perguntou:

- Mas ele não quis por quê?

- Porque eram todos votos contra.

Eu não preciso dizer a reação dos que estavam em redor.

Colegas de todas as legendas, sublegendas, facções e tendências, enquanto algumas pessoas que respondem a processos criminais, algumas delas residindo no xilindró, são eleitas em várias partes deste grande país, pelo menos a sagacidade de pessoas como meu amigo Arnaldo nos transmite alegria e nos ajuda a enfrentar com melhor humor as dificuldades de mais uma semana que se inicia.

A todos muita saúde e paz

Virgílio Agra

PS: A política brasileira é tão fértil em situações cômicas, as vezes trágicas, que quando eu ouço falar nesse assunto só me lembro da história de um matuto que recebeu convite para ser candidato, contada pelo arquiteto por formação, comediante por vocação e paraibano de nascimento, Jessier Quirino.


domingo, 14 de agosto de 2011

Peixe comedor de pênis

(Escrito em 29/09/2008)

Colegas de corações fortes.

Infelizmente não pude cumprimentá-los ainda no domingo, pois estava viajando a trabalho, mas acho que talvez tenha sido melhor assim, afinal de contas na semana passada tomei um susto tão da peste que quase morri. Hoje devidamente recuperado do sobressalto me sinto mais a vontade para saudar a todos.

Como estava falando, semana passada estava este pobre mortal lendo algumas notícias quando uma manchete fez o meu coração disparar:

"Peixe comedor de pênis deixa pescadores preocupados."

Pescadores preocupados???

Eu tive foi uma taquicardia, o fôlego faltou e a pressão foi às alturas. Saltei da cadeira e olhando pela janela me certifiquei que o mar, aquele que eu achava tão lindo, permanecia aos mesmos 800 metros de distância do meu apartamento no sétimo andar. Meu mundo desabou. Comecei a recitar um mantra tentando fazer com que minhas funções físicas e mentais voltassem ao normal. Resolvi tomar um copo d'água, fui à cozinha e de repente me encontrei inspecionando o líquido antes de engoli-lo, como se temesse encontrar o tal peixe dentro do meu copo. Voltei ao jornal e criei coragem para continuar a ler a reportagem, porque um bicho desses aterroriza até astronauta, quanto mais a pescadores.

A reportagem dizia que um peixe australiano foi introduzido acidentalmente nas águas da Nova Zelândia. Nesta região, certos crustáceos e moluscos por viverem fixados a alguma superfície sólida no oceano ou por nunca deixarem suas conchas, desenvolveram pênis longos capazes de alcançar suas parceiras que também vivem nas mesmas condições. Alguns desses moluscos chegam a ter pênis de aproximadamente 15 cm de comprimento o que é um tamanho superior ao do resto do corpo. Como os miseráveis peixes australianos não conseguem comer os coitadinhos dentro das conchas, atacam esta parte tão útil para a perpetuação da espécie, o que provoca a preocupação de que a população destes infelizes animais venha a diminuir no futuro. Segundo um estudante de biologia, certamente com vocação para fazer cirurgia de mudança de sexo, os peixes não matam as suas vítimas... Acho que esse sujeitinho ainda não percebeu que certos acontecimentos da vida são piores do que a morte.

Como, em água que tem piranha jacaré nada de costas, eu mesmo não quero nem pensar em passar perto dessas águas malditas. Até certo tempo atrás, falava-se muito nos ataques de tubarões naquela região, mas, vamos e convenhamos, um tubarão pode até matar um banhista, mas nunca se ouviu falar de um tubarão que tenha desmoralizado um ser vivente. Eu só sei que num mar desses, eu não mergulho nem dentro de um submarino... sei lá o que acontece lá embaixo????

Pois bem colegas, a segunda-feira já passou, a ressaca do final de semana também, espero que agora mais fortes e ressabiados das novidades do início da semana possam enfrentar além das dificuldades rotineiras mais esta ameaça subaquática.

Desejo a todos uma boa semana, procurem usar sungas bem apertadas, providência que pode seu útil para garantir a todos muita saúde e paz,

Virgílio Agra.

sábado, 6 de agosto de 2011

Calçada não é privada, é pública

(Escrito em21/09/2008)
Colegas de todos os aromas!
Atire a primeira pedra, quem nunca pisou em cocô de cachorro na calçada. Pois é, colegas, deu na Folha de São Paulo que uma senhora de 60 anos encontrou um jeito peculiar de combater esta verdadeira praga urbana.
Cansada de atolar os pés nos resíduos caninos abandonados na calçada da sua casa, essa senhora, auxiliar de enfermagem, partiu para a luta. Primeiro espalhou pó de café na calçada e colocou um cartaz com os dizeres "Cuidado com o cão, veneno no chão". Teve que enfrentar a raiva canina dos proprietários dos cachorros, que acreditando tratar-se realmente de veneno, ameaçaram-na caso os seus cagões animais de estimação viessem a sofrer algum dano pelo uso da calçada da pobre mulher. Após muitos bate-bocas, e cansada de tentar sensibilizar a parte "racional" da dupla humano-canina, Dona Lígia Santos conseguiu dar o "pulo do gato" quando, baseada no brocardo latino que diz "lends picants em anus outrem, refrigerantum est" resolveu derramar molho-de-pimenta na calçada. Sendo animais de aguçado olfato, os mascotes peludos identificaram a situação de desconforto e "racionalmente" passaram a evitar a redondeza, e não apenas na hora da sessão do descarrego. Satisfeita com os resultados, Dona Lígia já está planejando uma nova aplicação antes que a primeira dosagem perca a validade.
Continuando, a reportagem cita que em outra parte da cidade uma ONG lançou uma campanha nas redondezas com os dizeres: "Calçada não é privada, é pública". Tentando sensibilizar aos cidadãos que não é justo que a comunidade se responsabilize pelos resíduos intestinais dos outros.
Em São Paulo existe uma lei desde 2001 que obriga os cidadãos a recolherem os cocôzinhos dos seus respectivos e queridos cachorrinhos.
Considerando-se a proximidade das eleições e o estado em que se encontram não apenas as calçadas, mas as cidades em geral, não há como não concluir que tem muita gente tratando urna como se fosse latrina, e já que eleitor não é cachorro, apimentar as teclas das urnas de nada adiantaria. A exemplo da ONG paulista, estou pensando em lançar uma campanha tentando sensibilizar os cidadãos e cidadãs deste país, de que urna é lugar para se fazer o dia de amanhã, e não um lugar para se ter uma diarréia. A discussão está em aberto e aberta está a temporada para coleta de sugestões de slogans para a campanha.
A todos uma boa semana, com muita saúde e paz,
Virgílio Agra.
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